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Há 50 anos a Ponte de Camburi se partiu ao meio e caiu no canal

Há 50 anos a Ponte de Camburi se partiu ao meio e caiu no canal

A Ponte da Passagem, outra ligação com o continente, ficou sobrecarregada pois se tornou o único meio de acesso para os veículos

Publicado em 3 de outubro de 2019 às 13:56

Ponte de Camburi caiu em 1967 Crédito: A Gazeta

Já faz tempo, mas aconteceu. Há 50 anos, no dia 7 de dezembro de 1967 a Ponte de Camburi caiu. Era uma quinta-feira, às 4h, quando a ligação entre a Praia do Canto e a Praia de Camburi se partiu. A notícia foi publicada em A GAZETA no dia seguinte, com uma imagem do fato. Além do registro que comprova a história, o Gazeta Online conversou com um morador da cidade que nadou no Canal do Rio Maruípe, como antigamente era chamado o Canal de Camburi, e chegou a sofrer um acidente ao tentar atravessá-lo.

Veja a edição de A GAZETA do dia 08 de dezembro de 1967

Com o título 'A ponte que caiu', constava o seguinte texto na capa do jornal: "Para prestar esclarecimentos, sem dizer as causas da queda da Ponte de Camburi, o engenheiro José Carlos Neto, diretor do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, convocou a imprensa para uma entrevista coletiva ontem, às 17 horas, e disse que já foram tomadas todas as providências para determinação das causas e, inclusive, da construção de uma ponte provisória, uma vez que o intenso tráfego sobre a ponte preocupa aquele Departamento, por se tratar de uma obra antiga transformada em ligação única entre Vitória e o Norte do Estado, além do Porto de Tubarão."

Na foto da matéria, é possível ver muitas pessoas em cima da ponte e outras até na parte caída. E a notícia continua em uma página interna. "Ontem, às quatro horas caiu a ponte que liga a Ilha à Praia de Camburi, provocando total interrupção do tráfego naquele local e sobrecarregando a ponte da Passagem... O diretor do DNER, engenheiro José Carlos Neto, convocou entrevista coletiva à imprensa e prestou esclarecimentos sobre a lamentável ocorrência, sem informar as suas causas. Não foi registrada vítima", dizia um trecho do texto.

Reconstrução da Ponte de Camburi Crédito: A Gazeta

Neto também falou sobre as causas. "Absolutamente, não vimos possibilidades alguma sobre o acidente, pois a ponte foi edificada dentro de todas as normas brasileiras exigidas e, mais do que isso, a sua previsão de carros é o dobro comumente empregada em pontes construídas no Brasil... As causas até agora são desconhecidas, desde a manhã estamos providenciando pesquisas com mergulhadores no local procurando verificar a possível causa do acidente. A priori será necessário o levantamento do vão de Camburi, que utilizará macacos da Administração do Porto de Vitória, devendo ser levantado o pilar que está embaixo e, se houver possibilidade, poderá ser também levantado inclusive o tabule que se encontra dentro da água."

Pontes de Camburi, em Vitória Crédito: Vixfly/Cleferson Comarela e Rafael Destefani

Na publicação, o diretor informou que iria providenciar uma ponte, caso já tivesse uma fabricada no Rio de Janeiro. A preocupação dele era sobrecarregar a ponte da Passagem, que poderia "não resistir ao tráfego tão intenso".

"TENHO A MARCA ATÉ HOJE", DIZ HISTORIADOR

Comentarista do quadro 'Coisas do ES', Fernando Achiamé Crédito: João Paulo Rocetti

Ao procurar informações sobre a ponte que caiu - expressão popular que ganhou força em Vitória após o fato -, com o comentarista da Rádio CBN, Fernando Achiamé, também historiador e professor, descobrimos que ele acompanhou de perto essa história. "Eu morava na Praia do Canto e tinha 17 anos na época", conta.

Durante a conversa, o professor de 67 anos se lembrou de quando, ainda com a ponte caída, tentou atravessar o local a nado. "Tinha uma correnteza forte e eu não sabia nadar direito (risos). Acabei batendo em ostras que estavam nas pedras, tenho a marca na perna até hoje", se recorda ao mostrar a pequena cicatriz.

Achiamé explicou que a ponte foi construída pela Vale do Rio Doce, que também asfaltou Camburi, e servia de caminho para ônibus com funcionários e materiais para a empresa. Tempos depois, outra ponte foi erguida e, posteriormente, duplicada. 

DUAS EM UMA

Um outro detalhe que poucas pessoas têm conhecimento é que a Ponte de Camburi, na verdade, tem dois nomes, porque é uma em cada sentido. A Ponte Ceciliano Abel de Almeida deu lugar a que desabou em 1967. Ela foi reerguida em 1969, segundo informações encontradas no site da Prefeitura de Vitória, e reformada nos anos de 1987 e 2007.

A outra Ponte é a Petrônio Portela, que liga o continente à ilha de Vitória, no sentido Jardim da Penha – Praia do Canto. Ela também foi reformada em 2007. 

(Essa publicação contou com a colaboração de Anelize Roriz Nunes, do Cedoc da Rede Gazeta)

CURIOSIDADES

- A primeira Ponte de Camburi foi inaugurada em 1966 e caiu no ano seguinte – ficou conhecida como a Ponte Que Caiu. E, durante algum tempo, era comum entre os moradores de Vitória a expressão 'Vá para a ponte que caiu...', como forma de gozação.

– A ponte chama-se oficialmente, desde 1966, Ponte Ceciliano Abel de Almeida, primeiro prefeito de Vitória. Quando construíram a ponte ao lado, que recebeu o tráfego no sentido Centro de Vitória, ela foi batizada com o nome de Ponte Ministro Petrônio Portela, nome dado após o falecimento do político, ocorrido em janeiro de 1980.

Fonte: historiador Fernando Achiamé

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