Publicado em 29 de dezembro de 2017 às 17:35
Em um tempo em que o Centro era o bairro mais importante de Vitória, por ali circularam profissionais respeitados. Localizado na avenida Jerônimo Monteiro, ao lado do relógio da Praça Oito, o Ruralbank foi considerado, por anos, o "edifício mais importante" da Capital. Inaugurado em 30 de dezembro de 1967, o prédio de 22 andares impressionava pela arquitetura moderna.>
O edifício, que hoje abriga a agência matriz do Banestes, foi construído para abrigar o precursor do banco: o Banco de Crédito Agrícola do Espírito Santo. O jornal A Gazeta publicado no dia da inauguração, destacava a beleza da imponente construção de 12 mil metros quadrados.>
"Todo o conjunto arquitetônico, que é o mais belo da cidade, consta de 22 andares e conta com quatro elevadores eletrônicos. Trata-se de construção de arquitetura arrojada e é o mais alto edifício da Capital", afirmava o texto do jornal.>
DENTISTA ESTÁ NO PRÉDIO DESDE A INAUGURAÇÃO>
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O dentista Cleto José Firme da Silva, de 88 anos, viu de perto esses 50 anos do edifício. Um dos primeiros a ocupar o prédio, ele é um dos poucos profissionais da área de saúde que ainda atende no local. >
"Lembro que eu ia lá todo dia para ver a obra, e quando ficou pronto, assinei a ata de fundação do condomínio. As salas foram vendidas em parcelas, e ficou suave para gente pagar. Demorei uns meses para montar o consultório, comecei a atender em julho de 1968 e estou lá até hoje. Era um prédio com muitos médicos. Tinha muita gente importante, famílias tradicionais. Com o tempo, a maioria dos médicos mudou o consultório para a Praia do Canto, eu fui um dos poucos que fiquei. Moro perto, vou para o trabalho a pé. Atendo até hoje na mesma sala. Hoje só tem um médico e três dentistas (incluindo ele) que atendem aqui", conta.>
O prédio que no passado tinha todas as salas comerciais ocupadas, hoje conta com andares inteiros completamente desocupados. Por anos, a direção e as empresas do Banestes funcionaram no local. Hoje, apenas a agência central do banco continua no Ruralbank. A maior parte das salas em atividades são ocupadas por advogados.>
"Hoje predomina as salas de advocacia, e algumas associações de classe que funcionam aqui. Vários pavimentos estão fechados, há diversos andares em que não funciona nada. São salas que pertencem ao Banestes e estão desocupadas há uns dez anos. No passado, os negócios e comércio eram centralizados na Praça Oito, com a mudança da cidade, o Centro passou a ter menos atrativos, a sofrer com falta de vagas de estacionamento e a direção do banco mudou para um prédio mais novo", explica Solimar Marinho, ex-funcionário do banco e síndico do prédio há 25 anos.>
INCÊNDIO>
Nos primeiros anos de funcionamento, o Ruralbank por pouco não protagonizou uma tragédia. Uma guimba de cigarro jogada no local onde era canalizado o lixo acabou por provocar um incêndio no prédio. Uma pessoa morreu.>
"No início tivemos um incêndio lá. Não lembro ao certo a data, mas era no finalzinho da década de 1960, começo de 70. Lembro que a maioria das pessoas fugiu para o terraço, mas um senhor acabou descendo as escadas, inalou muita fumaça e morreu", recorda Cleto.>
RESTAURANTE>
O prédio também já abrigou um restaurante, que fez sucesso na década de 1970 por conta da vista da cidade em 360º e as festas badaladas. O dentista lamenta que o restaurante não tenha durado tanto tempo.>
"Era um prédio novo, muito alto na época e que chamava muita atenção. Do terraço tem uma vista linda da cidade, 360º, e no passado funcionou um restaurante lá. Era comum ter festa, e o pessoal deixava muita sujeira no prédio. Acabou não dando certo, uma pena porque era um lugar muito bonito, legal para comemoração", diz o dentista.>
Cinquenta anos depois, o tradicional prédio já não é o mais alto edifício da cidade. Após muitas reformas, o Ruralbank se mantém conservado e preserva as mesmas características do projeto original. >
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