Publicado em 17 de janeiro de 2020 às 15:04
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse nesta sexta-feira (17) que a ditadura militar é um "tema polêmico" e que ainda não há uma pacificação sobre o que ocorreu durante o período (1964-1985). O tema não foi abordado no Enem 2019. >
Weintraub concedeu uma entrevista coletiva para falar sobre um balanço da última edição do exame. O ministro defendeu que não houve questões polêmicas e ideológicas no exame. >
Ao ser questionado pela Folha sobre se ele achava que a ditadura era um tema polêmico e que deveria estar fora do Enem, o ministro disse: >
"Como aqui no Brasil existe ainda uma coisa não pacificada de como foi o período do regime militar, o objetivo do Enem não é polemizar e sim selecionar as melhores cabeças. Nós, nem fui eu, o banco examinador resolveu não colocar [questões sobre a ditadura na prova], não é para ter questão polemica", disse Weintraub. >
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Ele ainda fez menção às ditaduras de Cuba e Venezuela. "Para mim, ditadura é isso, uma situação muito pesada".>
Apesar de ter dito isso, Weintraub defendeu, logo depois, que não participou de qualquer decisão sobre o conteúdo da prova e não viu o exame antes. O presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), Alexandre Lopes, afirmou que não houve nenhum tipo de orientação para censurar determinados temas.>
Como o exame é a principal porta de entrada para o ensino superior público, os conteúdos do Enem servem como referências para as escolas de ensino médio. Foi a primeira vez, desde 2009, em que não houve questões da ditadura no Enem. >
O presidente Jair Bolsonaro é um defensor do período da ditadura militar no Brasil e já teceu elogios a torturadores. No ano passado, o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, defendeu em publicações nas redes sociais uma revisão histórica sobre a ditadura em livros didáticos.>
Em 2019, o governo criou uma comissão para fazer um pente fino ideológico no banco de questões usado para elaborar o Enem. O Inep divulgou posteriormente que 66 questões foram classificadas como inadequadas por essa comissão, mas nunca apresentou quais foram os itens barrados.>
Lopes, presidente do instituto, afirmou que uma nova comissão será criada neste ano para analisar a validade das questões. Ele negou, mais uma vez, que há ou haverá orientações de cunho ideológico e político no trabalho da comissão.>
O presidente Bolsonaro afirmou em anos anteriores que o Enem trazia questões ideológicas. Na edição de 2018, criticou uma questão que trouxe a menção a um dialeto falado por gays.>
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