Publicado em 16 de junho de 2020 às 17:21
As estradas BRs 116, 101 e 381 concentraram 36% dos acidentes registrados com caminhoneiros ao longo de 2019. Os dados apurados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que esses acidentes estão diretamente relacionados a problemas como baixo investimento e falta de segurança. >
No ano passado, as rodovias federais registraram 16.802 acidentes com veículos de cargas, o que representa 25% de todos os acidentes registrados na malha federal, segundo o levantamento, que se baseia em informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF). As ocorrências com caminhões, normalmente mais graves do que com veículos leves, resultaram em 1.822 mortes, o que corresponde a 34% de todos os óbitos em acidentes registrados em 2019.>
A BR-116 concentrou 2.591 acidentes no ano passado, enquanto a BR-101 registrou 2.348 acidentes e a BR-381 outros 1.059 acidentes. Essas ocorrências totalizaram 506 mortes, 28% do total. Essas três rodovias concentram 36% das colisões com veículos de carga. Ao todo, 103 rodovias federais registraram acidentes com caminhões.>
A CNI chama a atenção para o problema crônico da falta de recursos para a alta incidência e concentração de acidentes. No ano passado, os investimentos do Ministério da Infraestrutura (MInfra) em rodovias totalizaram R$ 6,6 bilhões, o menor montante em mais de dez anos e 61% a menor que o pico de R$ 17,1 bilhões registrado em 2011.>
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Para 2020, o MInfra conta com R$ 4,2 bilhões de recursos orçados em ações envolvendo obras rodoviárias, sendo R$ 1,6 bilhão referentes a restos a pagar de outros anos. Esses recursos não são suficientes, sequer, para cuidar da manutenção de toda a malha federal.>
Segundo o levantamento da CNI, do total disponível para investimentos, R$ 2,1 bilhões são para obras de adequação e manutenção das vias e R$ 1,6 bilhão para construção de novos trechos. Até o final de abril de 2020, já foram investidos R$ 1,3 bilhão.>
Além de insuficientes, aponta o relatório, os recursos não necessariamente são direcionados para os trechos com mais acidentes. As três BRs com a maior quantidade de acidentes com caminhões, por exemplo, respondem por 26% do total de recursos. A avaliação por trechos estaduais dessas BRs revela que os dez trechos com mais acidentes com caminhões, que concentram 32% de todas as ocorrências em 2019, respondem por apenas 11% dos recursos autorizados. Outros 114 trechos, que totalizam 3.578 ocorrências no ano passado, não contam com ações específicas no orçamento de 2020.>
Na avaliação da CNI, além das estimativas de demanda, um dos critérios para a priorização dos investimentos deveria ser o nível de acidentes nas rodovias envolvendo veículos de carga. "O indicador é capaz de identificar os principais pontos de gargalo para o escoamento da maior parte das mercadorias produzidas, tendo em vista a concentração da matriz de transporte brasileira na modalidade rodoviária", afirma a instituição. "Em conjunto com outros critérios técnicos para a definição das obras prioritárias, o indicador reduz os riscos de interferências políticas e de abandono dos empreendimentos, especialmente nesse período de restrição orçamentária ocasionado pela crise fiscal e econômica.">
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