Publicado em 22 de maio de 2020 às 19:38
Sem ter visto o vídeo da reunião ministerial de 22 de abril com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não se mostrou surpreso com as notícias de declarações controversas de ministros.>
Segundo trechos divulgados, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou que, se dependesse dele, colocaria "esses vagabundos todos na cadeia", começando no STF (Supremo Tribunal Federal).>
Maia, que participou de uma videoconferência na TV Record poucos minutos após a divulgação de partes do vídeo, foi questionado sobre o teor da gravação. >
O deputado disse não ter visto ainda os trechos e que só sabia que tinham sido divulgados. "Mas têm alguns ministros que não precisam de reunião reservada para ser agressivos e nem atacar as instituições", afirmou. >
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"Isso já se faz há algum tempo, principalmente o ministro da Educação [Weintraub] e o ministro da GSI [Gabinete de Segurança Institucional], general [Augusto] Heleno. São ministros que têm uma mania do enfrentamento, do ataque, até abusivo em alguns momentos em relação às instituições.">
Maia defendeu ainda a divulgação dos vídeos, criticada por Bolsonaro e por alguns de seus ministros, entre eles, Heleno. >
"Acho que todo mundo quando sofre uma investigação, com mais transparência, geralmente faz críticas, reclama que há um excesso. Mas ninguém olha o passado", ressaltou, lembrando o vazamento de uma conversa entre os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff em 2016.>
O sigilo da gravação foi derrubado pelo ex-juiz Sergio Moro, que foi ministro no governo de Jair Bolsonaro. >
"No passado, quando seus adversários foram investigados, que veio a público, por exemplo, no caso das conversas do presidente Lula com a presidente Dilma, eu não vi ninguém do nosso campo, me coloco nesse campo de oposição ao governo da presidente Dilma, criticando a decisão", afirmou.>
O deputado rebateu ainda a argumentação usada por apoiadores do governo de que se trataria de uma reunião privada e, por isso, não deveria ser divulgada. >
"O governo certamente informou a todos os ministros que era uma reunião gravada. E uma reunião gravada, mesmo reservada, sempre é uma reunião diferente de um bate-papo num bar ou num almoço num restaurante ou na sua casa", afirmou. >
"São conversas diferentes, são estilos de conversas, são liturgias que muitas vezes precisam ser respeitadas.">
No Congresso, a reação oscilou desde o fortalecimento dos pedidos de impeachment pela oposição até a defesa do vídeo como "verdade" para a República. >
Uma das principais aliadas de Bolsonaro, a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), escreveu em uma rede social que a gravação "mudará a República".>
Já o líder do PSD no Senado, Otto Alencar (BA), avalia que a declaração do presidente mostra que Bolsonaro queria intervir na Polícia Federal.>
"Ele (Bolsonaro) deixa claro que queria era intervir na Polícia Federal. Está claro que o presidente não tem condições de se manter presidente. É inaceitável", disse.>
Para o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a divulgação do vídeo reforça o pedido de impeachment que foi feito pelos partidos de oposição contra o presidente."O caminho está aberto para a aceitação do nosso pedido de impeachment. Se era prova concreta que faltava, ouçam e vejam vocês mesmos.">
O senador Humberto Costa (PT-PE) diz que o vídeo é a confissão de um crime. "Bolsonaro confessa o crime. Tentou proteger a família das investigações da Polícia Federal".>
Para o deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ), no trecho em que o presidente fala que quer armar o povo para que "cada um faça, exerça o teu papel", Bolsonaro manifesta a intenção de que quer formar uma milícia.>
"Bolsonaro deixou muito claro qual o seu objetivo ao destruir a legislação de controle de armas e munições: quer armar seus seguidores para formar milícias golpistas a serviço do seu governo.>
Para o senador Jean Paul Prates (PT-RN), as falas do vídeo mostram que Bolsonaro age com raiva em relação às classes mais pobres.>
"Esse vídeo da reunião ministerial mostra como é malignamente baixo o nível de sensibilidade social e ambiental deste governo. E não é pelos palavrões não! É pelos conceitos revanchistas e pela raiva espumosa que destilam em relação aos pobres e às instituições democráticas.">
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