Publicado em 9 de julho de 2020 às 18:37
São Paulo vai reabrir 70 de seus mais de 100 parques a partir da próxima segunda-feira (13), inclusive seus dois maiores, o Parque do Carmo e o Ibirapuera, recentemente privatizado.>
"Apenas 40% da capacidade, teremos controle na entrada, é obrigatória a utilização de máscaras, os bebedouros estarão fechados por orientação da vigilância sanitária", afirmou nesta quinta-feira (9) o prefeito Bruno Covas (PSDB).>
Carmo e Ibirapuera abrirão das 6h às 16h de segunda a sexta, enquanto os demais parques poderão funcionar entre 10h e 16h.>
Não serão permitidas atividades em grupos, parquinhos infantis e espaços de prática de esporte coletivo continuarão fechados.>
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De acordo com o prefeito, o decreto com todas as regras para funcionamento dos espaços será publicado nesta sexta-feira (10).>
"Também amanhã [sexta] deveremos assinar o protocolo com o setor de academia e do audiovisual. Estamos ainda fechando esses dois protocolos. Até amanhã teremos a minuta final com todas as regras que deverão observar para que os dois setores possam voltar a funcionar a partir de segunda-feira, 13 de julho, na cidade de São Paulo", completou Covas.>
O prefeito ainda explicou que a decisão de reabrir os parques não engloba avenidas como a Paulista ou o Elevado Presidente João Goulart, o Minhocão, vias automotivas que aos domingos ficam abertas para pedestres.>
"Quando os parques forem reabertos aos finais de semana, vamos retomar as atividades da Paulista e do Parque Minhocão [para pedestres]", disse.>
Os parques estão fechados desde 21 de março por determinação da prefeitura para tentar frear a disseminação do novo coronavírus. Antes, a cidade já reabriu, seu comércio de rua, seus shoppings, seus salões de beleza, seus restaurantes e bares, seus clubes sociais e se prepara para reabrir academias e cinemas.>
Para o arquiteto e sócio da Natureza Urbana (instituição voltada para pensar espaços públicos e parques), Pedro Lira, "a gente pode abordar essa questão em dois momentos. Olhando de forma ampla, é menos arriscado abrir um parque que um shopping. Depois, poderia colocar em discussão se de fato teria que reabrir algo agora".>
Francisco Eduardo Bodião, membro do Forum Verde (associação que reúne ativistas e pessoas ligadas à questão ambiental em São Paulo), defende que é muito cedo para se reabrir os parques, embora a situação nesses espaços seja menos complicada que a dos shoppings.>
"A gente é muito firme na posição que temos adotado: nem shopping, nem parque [deveriam funcionar]. Parece uma contradição você abrir um shopping, um espaço de consumo, mas em São Paulo, os parques nos últimos anos já não tinham condição de receber pessoas. Às vezes o shoping tem melhor estrutura de controle [das pessoas] que os parques", explica.>
O Forum Verde criou um abaixo assinado alertando para a "responsabilidade civil e humanitária de todos" e defendendo que a reabertura é precipitada.>
Bodião afirma que, para definir os protocolos para funcionamento dos parques, a prefeitura não chamou para debater entidades da sociedade civil, que tanto usam os espaços, mas também fazem parte, muitas vezes, de sua administração, por meio de conselhos, por exemplo.>
Lira chama a atenção para o fato de que cada parque tem suas peculiaridades e especificidades na dificuldade de se manter o controle das pessoas. O Ibirapuera, por exemplo, é grande, mas muito frequentado, enquanto existem parques pequenos, mas pouco visitados. O próprio terreno pode criar espaços de maior concentração de pessoas se tiver poucas áreas planas.>
Outra dificuldade será manter o distanciamento mínimo entre as pessoas.>
"Tiveram parques em outros lugares que marcaram a grama com spray, você ocupa o seu quadrado no gramado. Se estiver lotado, você não pode [ficar no gramado]. É quase trabalhar um parque na visão de restaurante", explica.>
Bodião acrescenta ainda que o problema pode se agravar uma vez que os parques sofrem com falta de funcionários para manutenção e controle.>
"Os parques tem um déficit muito grande de funcionários. Na medida que o fluxo de usuários começa a crescer, o controle desse acesso, do uso do espaço fisico dos parques, vai ficar difícil", diz. Ele acrescenta que os trabalhadores precisam ser treinados para atuar nessa situação específica.>
Lira chama ainda a atenção para os lugares de circulação, como pistas, por exemplo, uma vez que pessoas caminham e andam em diferentes velocidades. É como se todos os carros de uma estrada tivessem que andar na mesma velocidade sempre, diz.>
"Eu diria primeiro os espaços fechados, banheiros e outros similares [são pontos de maior risco]. Os caminhos são mais difíceis de delimitar, porque as pessoas têm velocidades diferentes, correndo e andando, é onde se cruzam mais, nas circulações. Quando você para e senta, você consegue [respeitar o protocolo]", afirma.>
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