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Relator da PEC da Blindagem diz que proposta tem 'problema de constitucionalidade'

Relator da PEC da Blindagem diz que proposta tem 'problema de constitucionalidade'

Senador Alessandro Vieira já sinalizou que dará parecer contra o projeto, que exige autorização do Congresso para processar parlamentares

Publicado em 23 de setembro de 2025 às 15:42

BRASÍLIA - O senador Alessandro Vieira (MDB-SE), relator da PEC da Blindagem no Senado, afirmou nesta terça-feira (23) que a proposta vai contra a Constituição. Ele já vem sinalizando que dará parecer negativo ao texto, que será discutido na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa na quarta-feira (24).

Em entrevista ao jornal Correio Braziliense, ele avaliou que o projeto aprovado pela Câmara dos Deputados desvia de sua finalidade e favorece práticas criminosas.

"Temos um problema de constitucionalidade, em especial, pelo desvio de finalidade. O objetivo oculto é o favorecimento de quem comete crimes, e isso não está vinculado, de forma alguma, ao exercício demandado (de um mandato parlamentar)", afirmou. O senador se disse preocupado com a extensão da blindagem a parlamentares federais, estaduais, distritais e presidentes de partido.

senador Alessandro Vieira
Alessandro Vieira disse que blindagem "só interessa a quem tem algo a esconder" Crédito: Geraldo Magela/Agência Senado

O projeto aprovado na última semana altera a Constituição e transfere para as Casas Legislativas a prerrogativa de autorizar a abertura de processos criminais contra deputados e senadores. Na prática, o Supremo Tribunal Federal (STF) terá de pedir esse aval ao Legislativo em que o parlamentar exerce mandato para dar continuidade a uma ação penal.

"Qual é a conexão que tem com o exercício de um mandato o cometimento do crime de homicídio, de tráfico de entorpecentes, de organização criminosa armada, lavagem de dinheiro? Nada disso tem conexão com o mandato. Então, o que se deseja é acobertar a conduta criminosa de pessoas que estão ocupando cargos no parlamento ou na presidência de partidos políticos", afirmou o relator da proposta.

Em seu perfil do Instagram, Alessandro Vieira reforçou que a blindagem "só interessa a quem tem algo a esconder". "O Brasil precisa de transparência, responsabilidade e combate firme à corrupção, não de retrocessos que beneficiam criminosos", escreveu.

A aprovação da PEC da Blindagem, chamada de PEC das Prerrogativas pelos parlamentares, motivou manifestações em todo o Brasil, que também pediram pela rejeição do projeto de lei que anistia condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.

Em São Paulo, na avenida Paulista, o ato reuniu 42,4 mil pessoas, segundo cálculo do Monitor do Debate Político do Cebrap/USP e da ONG More in Common. Em Copacabana, no Rio, o público foi de 41,8 mil pessoas.

Após a repercussão negativa da pauta, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente do Progressistas, anunciou que quer apresentar um texto substitutivo para sugerir que a proteção aos parlamentares prevista na PEC valha apenas para crimes de opinião.

O relator disse que tende a rejeitar a sugestão e afirmou que o tipo penal não existe no Brasil. "Imagino que talvez ele (Ciro) esteja falando de crimes contra a honra: calúnia, difamação, injúria. Mas, para ser parlamentar, você não precisa ofender ninguém, não precisa fazer nada parecido", avaliou Alessandro Vieira.

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