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Quem são os suplentes dos candidatos ao Senado e quanto declararam em bens

Quem são os suplentes dos candidatos ao Senado e quanto declararam em bens

Nomes discretos em materiais de campanha e nas urnas, eles podem assumir os mandatos dos titulares

Publicado em 15 de setembro de 2018 às 20:05

Ilustração de Arabson para suplentes aos cargos eletivos Crédito: Arabson

Bem pequenininhos nos materiais de campanha ou discretamente lá na urna eletrônica você vai ver os nomes dos suplentes de candidatos ao Senado. Mas por que ser suplente? É uma figura que assume apenas no caso de licenças de mais de 120 dias ou de renúncia dos titulares. Num mandato de oito anos, no entanto, muita coisa pode acontecer.

E o simples fato de compor a chapa traz um componente atraente: influência. “Deixa o suplente lá um tempo, mas nesse intervalo é possível fazer muita coisa, podem pressionar, barganhar em votações, por exemplo”, afirma Antônio Flavio Testa, cientista político da UnB.

Já por parte dos candidatos, ainda segundo Testa, historicamente os suplentes são usados como financiadores de campanha, logo, os escolhidos geralmente são “pessoas de bens”, principalmente empresários.

Cada caso é um caso, no entanto. Entre os 11 candidatos ao Senado no Espírito Santo, por exemplo, até agora nenhum suplente se colocou como financiador, de acordo com o site DivulgaCandContas, que mostra as doações e despesas da campanha.

O MAIS RICO

Por outro lado, o candidato mais rico do Estado, considerando todos os cargos, é o empresário Ademar Morais (PMB), que declarou R$ 17,8 milhões em bens à Justiça Eleitoral. Ele é o primeiro suplente de Rogério Bernardo, do mesmo partido.

Bernardo diz que o critério para a escolha não passou pela conta bancária do aliado. “O objetivo não era essa questão de doação. O objetivo é ter, se houver necessidade, uma pessoa bem preparada e que terá responsabilidade numa eventual sucessão, alguém que entende de gestão, de negócios”, afirmou Bernardo. Morais também foi procurado pela reportagem, mas não deu retorno.

Primeiro suplente de Ricardo Ferraço (PSDB), o empresário Eutemar Venturim (PSDB) diz que pretende ser um “elo”. “Fazer o elo entre o setor produtivo, que não é só empresário, é trabalhador também, e levar essa demanda para os senadores”, resumiu. Com R$ 4 milhões em bens declarados, ele também frisou que pode até doar para a campanha de Ferraço, mas “isso não foi requisito para participar da suplência”.

“Eu procurei valorizar nas minhas duas suplências dois segmentos de importância muito grande: o empreendedor Eutemar Venturim e o pastor Jurandy Loureiro (do PHS, o segundo suplente), trazendo os valores cristãos”, disse o senador tucano.

Magno Malta (PR), outro senador que tenta a reeleição, respondeu a reportagem por meio da assessoria de imprensa. Sobre os critérios para a escolha do primeiro suplente, Carlos Salvador (PR), afirmou tratar-se de “confiança, integridade, mãos limpas e compromissos com minhas bandeiras de luta”. Carlos Salvador é pastor e já foi candidato a vereador em Vila Velha.

Os suplentes de Fabiano Contarato (Rede) foram escolhidos pela coligação, como atesta André Toscano, representante da Rede. A primeira suplente é a empresária Ana Paula Tongo (MDB). “Quando esse convite veio eu enxerguei como a oportunidade de sair da minha zona de conforto e contribuir para a sociedade. Não doei um centavo, estou doando o meu trabalho, minha história de vida”, disse Ana Paula.

MUDANÇAS

Especialista em Direito Público e Ciência Política, o professor da FGV Michael Mohalem lembra que, em Brasília, há muito a ser feito não pelos suplentes, mas em relação a eles. “A figura de dois suplentes é questionada, assim como os familiares (que podem ser suplentes), como se o cargo fosse um patrimônio”, lembra.

Há até Propostas de Emenda à Constituição (PEC) em tramitação no Senado para alterar essas e outras questões, mas estão paradas na Casa. Em 2011, uma delas foi a votação. Por 46 votos favoráveis, 17 contrários e uma abstenção, no entanto, os senadores rejeitaram a ideia de acabar com a figura do segundo suplente de senador e a proibir que o primeiro suplente tenha relação de parentesco até segundo grau com o titular da vaga.

 

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