Publicado em 11 de dezembro de 2019 às 11:50
A Polícia Federal (PF) apresentou relatório cobrando o indiciamento do deputado Paulinho da Força (SD-SP) pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no inquérito que apura repasses de R$ 1,8 milhão da Odebrecht para o parlamentar em 2014. As investigações tiveram como base a delação premiada do ex-presidente da Odebrecht Ambiental Fernando Reis e áudios da transportadora da empreiteira, a Transnacional. >
Paulinho da Força era investigado desde abril de 2017, quando o ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte, abriu inquérito para apurar acusações feitas por Reis contra o parlamentar. O executivo afirmou ter repassado R$ 1 milhão para o deputado em duas parcelas de R$ 500 mil, em 2014. Anos depois, mudou a versão e afirmou que os pagamentos chegaram a R$ 1,8 milhão.>
"Para a empresa seria importante ter um aliado nas 'fileiras trabalhistas', mormente um ocupante de cargo legislativo influente, Presidente da Força Sindical e de importante partido de defesa dos direitos trabalhistas (Solidariedade). Em contrapartida, o parlamentar receberia regulares contribuições financeiras para atender aos anseios da empresa", afirma a Polícia Federal, em relatório.>
O documento foi encaminhado para vistas da Procuradoria-Geral da República, que pode denunciar o parlamentar ou arquivar o inquérito.>
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Em depoimento, Paulinho da Força negou ter recebido os valores assim como ter prometido qualquer tipo de contrapartida em decorrência de doações feitas pelo grupo Odebrecht. O parlamentar admitiu que se reuniu com executivos da empreiteira no contexto de sua campanha eleitoral em 2014, ocasião em que ficou acertada doação eleitoral de Marcelo Odebrecht.>
Segundo Paulinho da Força, o seu partido, o Solidariedade, recebeu R$ 2 milhões de empresas ligadas à empreiteira, sendo que sua candidatura recebeu aproximadamente R$ 180 mil. Os valores, afirma, foram devidamente declarados à Justiça Eleitoral.>
A Polícia Federal, no entanto, declarou que a versão apresentada pelo deputado "não encontra guarida" nas provas coletadas no inquérito. "A versão apresentada por Paulinho da Força não encontra guarida quando confrontada com os indícios e provas dos autos, mormente ante a robusta comprovação das entregas, de maneira dissimulada, utilizando-se senhas, códigos, terceiros interpostos, etc., num complexo e arriscado sistema de ocultação de numerário, sem arrimo nas transações bancárias, tão seguras e céleres", afirma.>
A delação de Fernando Reis aponta que o dinheiro era contrapartida por Paulinho da Força ter intermediado o fim da greve da Embraport, em 2013, e de uma invasão à sede da empreiteira em 2014. Segundo o empresário, a solicitação das vantagens indevidas partiu do próprio deputado para financiar sua campanha eleitoral daquele ano.>
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