> >
Para Bolsonaro, indolência significa 'capacidade de perdoar'

Para Bolsonaro, indolência significa 'capacidade de perdoar'

Candidato do PSL tentou contextualizar fala do seu vice, general Mourão

Publicado em 8 de agosto de 2018 às 14:33

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Mourão vai ser o vice de Jair Bolsonaro. (Reprodução)

O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, indicou nesta terça-feira que a fala do general Hamilton Mourão (PRTB), vice de sua chapa, sobre as heranças culturais ibérica, indígena e africana transmitidas à sociedade brasileira não causou qualquer problema ou constrangimento para sua campanha. Segundo Bolsonaro, quando Mourão disse que a "indolência" é um traço da cultura indígena, o significado da palavra seria a "capacidade de perdoar". Apesar disso, o significado do vocábulo no dicionário Houaiss e também em expressões usuais está ligado à "preguiça", "ócio", "indiferença", "ausência de dor" ou "fraqueza".

— O que é a indolência? É a capacidade de perdoar? Veja aí no dicionário. É a capacidade de perdoar? O índio perdoa. Não é isso? Que mais? Malandragem (que, segundo Mourão, seria oriunda do africano). Esperteza. É a mesma coisa? É isso? Ohhhh. Me chamam de malandro carioca o tempo todo. O que mais? — questionou Bolsonaro.

Na segunda-feira, na primeira aparição pública de Bolsonaro ao lado de Mourão, o general se expressou da seguinte maneira ao fazer uma análise da sociedade brasileira:

— Essa herança do privilégio é uma herança ibérica. Temos uma certa herança da indolência, que vem da cultura indígena. Eu sou indígena. Meu pai é amazonense. E a malandragem, Edson Rosa (vereador negro presente na mesa), nada contra, mas a malandragem é oriunda do africano. Então, esse é o nosso caldinho cultural. Infelizmente gostamos de mártires, líderes populistas e dos macunaímas .

Sobre o assunto, Bolsonaro disse ainda que "Roberto Campos falou a mesma coisa". No prefácio do livro "Manual do perfeito idiota latino-americano", o economista, morto em 2001, escreveu que "boa parte de nosso subdesenvolvimento se explica em termos culturais. Ao contrário dos anglo-saxões, que prezam a racionalidade e a competição, nossos componentes culturais são a cultura ibérica do privilégio, a cultura indígena da indolência e a cultura negra da magia".

Apesar de ter escolhido o general Mourão, Bolsonaro disse que Janaina Paschoal agregaria mais à sua chapa, mas a advogada recusou o convite por motivos pessoais.

— Para ganhar voto, a Janaína é melhor, sem dúvida — disse Bolsonaro

O candidato disse que já tem alguém para ocupar os ministérios da Saúde e Educação, mas os candidatos pediram "reserva" para não divulgarem os nomes. Bolsonaro também disse que já se aproximou de um embaixador brasileiro para ser seu ministro das Relações Exteriores.

Mais tarde, em entrevista já na saída da Câmara, Bolsonaro voltou a falar sobre Mourão. Disse que falou para o vice aprender com ele a ter mais moderação. Afirmou que tem evitado até contar piadas. Mas ponderou que é preciso também ter cuidado para não perder a "autenticidade".

Este vídeo pode te interessar

— A gente quer chegar, mas não quer perder a autenticidade. O Brasil está muito chato. Contar piada de cearense cabeçudo dá o maior problema do mundo. De gaúcho macho. De goiano. Não pode mais brincar no Brasil. Quando eu brinquei o negócio de "dar uma fraquejada e veio uma menina", isso a gente fala o tempo todo, se é fornecedor ou consumidor, brincadeira nossa de homem. O meu filho era o cara. Veio duas meninas pra ele. Eu falei: "tá vendo? Vai pagar teus pecados". O pessoal brinca comigo que eu sou machão. Sou machão porra nenhuma. A gente sabe, fico ali pensando, como é que eu vou encarar minha filha daqui a 6, 7 anos com namorado. É nosso. É de homem. É vida. É lógico que vou ter que encarar — disse o presidenciável.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais