Publicado em 20 de agosto de 2025 às 18:37
O novo Código Eleitoral, aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal na tarde desta quarta-feira, 20, inclui emenda que instala o retorno do voto impresso. O trecho foi aprovado em votação separada por 14 votos favoráveis e 12 contrários. A proposta ainda será votada no plenário da Casa.>
Segundo o texto da emenda apresentado pelo senador Esperidião Amin (PP-SC) em 7 de junho, o processo de votação de cada eleitor só será concluído após a confirmação da correspondência entre o teor do recibo impresso e o exibido pela urna eletrônica.>
Pela proposta, após o eleitor votar na urna eletrônica, o registro é impresso e depositado "de forma automática e sem contato manual do eleitor" em local lacrado. O senador também propôs que haja alternativa à impressão do registro, com "aplicação de tecnologia que assegure a confirmação do voto pelo eleitor e seu respectivo sigilo".>
"A medida proposta porá fim, portanto, a todas as dúvidas e questionamentos por tantos anos latentes em nossa sociedade acerca da vulnerabilidade do sistema eletrônico e da transparência, integridade e autenticidade do processo eleitoral", escreveu o senador na emenda proposta.>
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As diversas acusações sem provas de que o sistema eleitoral brasileiro é passível de fraudes são encampadas pelos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), antes mesmo de ele disputar a reeleição e perder, em 2022. Os argumentos asfaltaram caminho para justificar um golpe de Estado frustrado que se desenhou nos meses seguintes ao pleito, conforme denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), e pelo qual Bolsonaro é réu em ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF).>
Em 2020, a própria Suprema Corte já declarou a possibilidade inconstitucional, por colocar em risco o sigilo e a liberdade do voto. Na ocasião, os ministros deliberavam sobre trecho da minirreforma eleitoral aprovada em 2015, que também previa a obrigatoriedade de impressão de registros de votos depositados de forma eletrônica na urna.>
No entendimento do relator do caso na Corte, ministro Gilmar Mendes, a proposta trazia "riscos teóricos de manipulação da impressão, por exemplo, o cancelamento de votos confirmados ou a impressão de votos inexistentes". O custo da operação era estimado em R$ 2,5 bilhões aos cofres públicos ao longo de dez anos para aquisição do módulo impressor.>
A emenda aprovada pelos senadores não traz estimativas de custos. O texto, que veio da Câmara dos Deputados, ainda precisa ser aprovado pela maioria dos 81 senadores em plenário, e voltar para a Casa Baixa para revisão.>
O relator do novo Código Eleitoral, Marcelo Castro(MDB-PI), disse que o trecho do voto impresso é inconstitucional e avaliou que não deve ser aprovado em plenário.>
"Quero chamar a atenção que o texto aprovado na CCJ sobre o voto impresso foi o mesmo texto aprovado em 2015 no Congresso Nacional e o STF considerou inconstitucional. Quero crer que estamos incorrendo numa inconstitucionalidade pela segunda vez", afirmou Castro.>
As mudanças votadas pelos parlamentares, entretanto, só valerão para as eleições do próximo ano caso sejam aprovadas até 4 de outubro deste ano.>
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