Publicado em 6 de junho de 2019 às 11:08
O Museu do Louvre, na França, poderá ceder peças de sua coleção egípcia ao Museu Nacional, do Rio, destruído por um incêndio em setembro. O diretor da instituição brasileira, Alexander Kellner, esteve reunido na terça-feira (4), em Paris com o presidente do museu francês, Jean-Luc Martinez, de quem ouviu a promessa do empréstimo de longo prazo de peças.>
"Ele se interessou muito pela situação do museu e prometeu, inclusive, nos fazer uma visita no ano que vem. Ele está muito interessado em saber como anda a reconstrução do Museu Nacional", contou Kellner. "E uma vez que a gente estiver pronto, ele já acenou para a possibilidade de um empréstimo de material do Louvre por longo termo. Estamos muito animados com isso.">
Uma das maiores perdas no incêndio que destruiu a instituição foi justamente parte da coleção egípcia, listada entre as mais importantes do mundo e a maior da América Latina. Grande parte dela foi trazida ao País pelo primeiro imperador do Brasil, d. Pedro I.>
De acordo com o catálogo do Museu Nacional, a maior parte do acervo egípcio foi comprada em um leilão, em 1826, pelo monarca. Não há registro preciso sobre a procedência das peças, mas acredita-se que elas tenham vindo de Tebas - onde hoje fica a região de Luxor, no sul do país africano.>
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Três múmias desta coleção eram consideradas particularmente importantes e se perderam: a de Hori, um alto funcionário da hierarquia egípcia que viveu por volta de 1.000 a.C.; a Harsiese, que também teria um cargo importante e viveu por volta de 650 a.C.; e uma múmia feminina datada do século 1.º, sobre a qual se tem poucas informações. O que a tornava rara e preciosa era a técnica usada para enfaixá-la, envolvendo braços, pernas e dedos das mãos individualmente. A peça considerada a mais importante da coleção, no entanto, era o esquife (caixão) da dama Sha-amun-em-su, ricamente trabalhado. Em 1876, quando visitou o Egito, o imperador dom Pedro II o ganhou de presente e o manteve em seu gabinete até a proclamação da República, em 1889, quando a peça passou a integrar a coleção do Museu Nacional.>
Mas nem tudo da civilização antiga se perdeu. Nos meses seguintes ao incêndio, pesquisadores localizaram cerca de 200 itens da coleção egípcia que puderam ser resgatados.>
"O material que querem emprestar é variável: peças egípcias, mas também greco-romanas, além de outras coisas que possam interessar a gente", disse Kellner. "É muito legal.">
Até abril, o Museu Nacional também havia recebido R$ 150 mil do British Council e cerca de R$ 800 mil - que podem chegar a R$ 4,4 milhões - do governo da Alemanha. A reconstrução do espaço está estimada em cerca de R$ 100 milhões.>
INCÊNDIO>
O acervo de 12 mil peças do Museu Nacional, ligado à Universidade Federal do Rio, foi consumido pelo fogo em 2 de setembro. Era o mais antigo centro de ciência do País, com 200 anos. O local reunia algumas das mais importantes peças da história natural do País, como Luzia, o esqueleto mais antigo já achado nas Américas.>
Em abril, a Polícia Federal apresentou o laudo da investigação do incêndio e apontou como causa mais provável das chamas um curto-circuito em um de ar-condicionado, localizado no auditório do térreo do edifício. A conclusão dos peritos servirá como base ao inquérito da PF para apontar possíveis responsáveis, que poderão responder criminalmente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.>
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