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Nove pessoas morrem em deslizamento em morro de Niterói

Nove pessoas morrem em deslizamento em morro de Niterói

A tragédia aconteceu na Comunidade da Boa Esperança, na Região Oceânica; uma pedra rolou e atingiu ao menos cinco casas

Publicado em 10 de novembro de 2018 às 20:34

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Deslizamento no Morro da Boa Esperança em Niterói (RJ), na madrugada deste sábado (10). . (JOSE LUCENA/FUTURA PRESS)

Na madrugada deste sábado, após a comemoração do aniversário do menino Arthur Caetano de Carvalho, de 3 anos, um deslizamento derrubou cinco casas vizinhas à da criança no Morro Boa Esperança, em Piratininga, Região Oceânica de Niterói. A tragédia, que matou nove pessoas, é a segunda pior enfrentada pela cidade. Em 2010, 46 pessoas morreram no Morro do Bumba, no bairro Viçoso Jardim, após intensas chuvas que caíram na cidade. O menino está em estado gravíssimo e a irmã, Nicole, de 8 meses, está entre os soterrados. A mãe de Arthur uma tia estão entre os 11 resgatados pelos bombeiros.

Os mortos até agora listados pelo Corpo de Bombeiros são: Janete, 55 anos; Maria Madalena, 56 anos; Maria do Carmo, 80 anos; Claudiomar, 37 anos; um menino de 3 anos; uma menina de 9 anos; e uma mulher adulta. Há duas pessoas que ainda não foram identificadas.

Uma pedra rolou morro abaixo do alto da comunidade e atingiu ao menos cinco casas. Na noite de sexta-feira, os familiares comemoraram o aniversário de Arthur. Ele estava dormindo no momento que sua casa desabou. O caso dele é o mais grave, que sofreu um trauma no tórax. Arthur está internado no Hospital estadual Azevedo Lima, mas devido ao agravamento de seu quadro, ele poderá ser transferido para outra unidade.

Bombeiros de sete quartéis estão no local da ocorrência, com auxílio da Prefeitura ainda buscam mais vítimas sob os escombros. São cerca de 200 profissionais da Defesa Civil de Niterói, secretarias de Obras, Conservação, Assistência Social, Saúde e Companhia de Limpeza.

Em entrevista ao RJ TV, o secretário estadual de Defesa Civil, Roberto Robadey, culpa a chuva pela tragédia e informa que não havia sirenes de alerta. Robadey afirma que aquela é uma área de risco, mas que não justificava a remoção das pessoas. A previsão para o término das buscas é de 48 horas e, segundo o secretário, é possível que existam outras vítimas fatais.

O Município montou uma base de apoio na Escola Municipal Francisco Portugal Neves, em Piratininga, que está recebendo os desabrigados.

BUSCAS 

Nicole Caetano, que ainda não foi encontrada, é neta de Rosemary Caetano, que ficou levemente ferida, foi resgatada e acompanha as ações de Bombeiros no local. A mãe de Nicole, Renata Caetano, e seu outro filho, Arthur, de 3 anos, foram resgatados e estão hospitalizados. Chorando muito, a tia de Renata, Viviane Caetano contou que Arthur está em cirurgia:

"A casa deles foi derrubada. A Nicole está soterrada. Meu sobrinho de 3 anos está no hospital. E a mãe eu sei que quebrou a clavícula", disse

O presidente da associação de moradores, Claudio dos Santos, houve um deslizamento no Morro da Esperança em 2016, que atingiu sete casas e uma pizzaria. Em um primeiro momento, as vítimas teriam recebido aluguel social da Prefeitura, mas sem outras medidas, voltaram aos terrenos, que estavam interditados. Recentemente, a Prefeitura teria feito uma fiscalização na área. Mas não existia sistema de sirene no local.

"As pessoas voltaram pois não tinham onde ficar. Vão dormir embaixo da ponte?", questionou. 

Também ao RJ TV, o prefeito de Niterói Rodrigo Neves disse que a região não foi definida como prioritária no mapeamento de risco do Departamento de Recursos Minerais do Estado do Rio de Janeiro e que, deste modo, não havia casas interditadas.

"Não foi deslizamento de encosta, mas rachadura de um maciço de Área de Preservação Ambiental (APA), portanto não havia necessidade de contenção de encosta", afirmou Neves.

Sobre a polêmica, o vereador Paulo Eduardo Gomes (PSOL) informa que, em 2005, começou a ser feito um mapeamento de áreas de riscos em Niterói, com a participação da Universidade Federal Fluminense.

"Em 2010, com o acontecido no Bumba e outros morros, acabou fortalecendo a aceleração dos estudos e a responsabilidade dos governos. É fato que há investimentos em andamento para conter esses riscos. Mas o que deve ser verificado agora é se esta área estava mapeada entre as de risco. Segundo a secretária de Planejamento me falou quando cheguei aqui, Giovanna Victer, não estava. E o que teria acontecido seria a rachadura de uma pedra, cujo deslocamento teria arrastado casas. Mas vamos apurar na Câmara se houve uma eventual negligência da Prefeitura".

Ele lamentou ainda: '"Mas nada disso recupera a vida que foi perdida . O que vamos fazer agora é também dar todo o apoio material e psicológico para os familiares", concluiu.

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O governador eleito do Estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, recebeu com pesar a notícia e se solidariza com familiares e amigos das vítimas.

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