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Na Câmara, Bolsonaro defendeu 'liberdade' de alunos que admiravam Hitler

Na Câmara, Bolsonaro defendeu "liberdade" de alunos que admiravam Hitler

Nazista responsável pelo extermínio de seis milhões de judeus foi escolhido personagem mais admirado por jovens de colégio militar em 1995

Publicado em 25 de outubro de 2018 às 14:12

Enquanto deputado, Jair Bolsonaro discursou na Câmara dos Deputados em defesa de estudantes de um colégio militar que elegeram o líder nazista Adolf Hitler como personagem histórico que mais admiravam. A revelação foi feita pelo site da revista Veja.

Em discurso feito em 21 de janeiro de 1998, o deputado Jair Bolsonaro defendeu os oito alunos do Colégio Militar de Porto Alegre que citaram Adolf Hitler como personagem histórico que mais admiravam.

O deputado Jair Bolsonaro discursa na Câmara Crédito: Alex Ferreira/Câmara dos Deputados

O nazista recebeu a maioria dos votos de 84 dos 158 formandos da turma de 1995 do Colégio Militar de Porto Alegre que escolheram a personalidade mais admirada em um levantamento feito pela revista Hyloea, publicada por estudantes da instituição dois anos depois, em 1998.

Segundo a Veja, ao defender os estudantes na Câmara dos Deputados, Bolsonaro afirmou que eles estavam "realmente carentes de ordem e de disciplina neste país".

O deputado também relacionou a escolha dos alunos à ausência de exemplo por parte do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Aspas de citação

Eles (os estudantes) têm que eleger aqueles que souberam, de uma forma ou de outra, impor ordem e disciplina

Jair Bolsonaro - discurso de 1998
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Bolsonaro também ressaltou que não concordava com "as atrocidades cometidas por Adolf Hitler". Mas destacou que a publicação era bancada pelos alunos, que "têm liberdade de escrever o que bem entenderem".

À época Bolsonaro também afirmou: "Devemos respeitar esta juventude que começa, a partir destes debates e desta matéria na imprensa, a se preparar para ser, de fato, cidadãos no futuro". Ele ainda fez críticas ao Centro de Comunicação Social do Exército, "que anunciou que vai acompanhar a revista".

O deputado responsabilizou a imprensa pela repercussão da escolha feita na ocasião pelos estudantes do colégio militar.

"Quero deixar patente minha revolta com a grande mídia, um tanto quanto servil, que criticou duramente o Colégio Militar de Porto Alegre apenas porque nove (foram oito) entre 84 alunos resolveram eleger, entre o Conde Drácula, Hércules, Nostradamus, Rainha Catarina, Ática - só faltou FHC -, Hitler como personalidade histórica mais admirada", disse Bolsonaro, na Câmara, de acordo com a Veja.

Segundo o discurso do parlamentar, se os estudantes tivessem escolhido Fernando Henrique Cardoso "logicamente estariam elegendo o pai do governo mais corrupto da história do Brasil, porque ele não permite que nenhuma denúncia de corrupção seja apurada por esta Casa”. O deputado destacou que o então presidente do país não era "exemplo para a juventude".

O discurso foi publicado na edição do dia 22 de janeiro de 1998 do Diário da Câmara dos Deputados e está disponível no site da Câmara, ressaltou a revista Veja.

SUPEROU JESUS, SENNA E TIRADENTES

Reportagem publicada em 19 de janeiro de 1998 pelo Jornal do Brasil mostra que Hitler ficou à frente de personagens como Tiradentes, Ayrton Senna e Joana D'Arc (cada um teve seis votos).

O responsável pelo extermínio de seis milhões de judeus e pela matança de homossexuais e de representantes de minorias étnicas como ciganos também ficou à frente de Jesus Cristo, Mahatma Gandhi, Herbert de Souza (o Betinho) e dos soldados brasileiros que lutaram na II Guerra Mundial, deflagrada por Hitler e que causou a morte de entre 40 milhões e 72 milhões de pessoas.

Na revista Hyloea, os alunos justificaram a escolha do nazista. Citaram sua "inteligência e audácia", seu "dom da palavra" perante as multidões, seu "poder de indução" e sua determinação, informou a Veja.

O crime de apologia ao nazismo está previsto na Lei Federal 9459. A legislação estabelece pena de dois a cinco anos e multa para quem "fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo".

(As informações são da revista Veja)

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