Publicado em 20 de agosto de 2020 às 15:31
O Ministério Público Federal (MPF) deu início, na última terça-feira (18), a uma investigação para apurar a disseminação de boatos entre indígenas da etnia xavante, em Mato Grosso, sobre a aplicação de vacinas pelo Exército brasileiro. >
Segundo a Procuradoria, aldeias da região têm se recusado a dar seguimento a discussões com a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), vinculada ao Ministério da Saúde, em razão da informação falsa de que os militares aplicariam imunizantes para exterminar os indígenas.>
O inquérito será conduzido pelo procurador da República Everton Pereira Aguiar Araújo, titular do 1° Ofício em Barra do Garças, que fica a 516 quilômetros de Cuiabá, capital do estado.>
De acordo com as apurações preliminares reunidas pelo MPF, pelo menos três comunidades indígenas, a aldeia Namunkurá e as terras Maraiwatsédé e Sangradouro, voltaram atrás em combinações anteriores e impediram a realização de ações de saúde em seus territórios. No caso da última, o secretário especial de saúde indígena, Robson Santos da Silva, e o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Xavante (Condisi), Clenivaldo Xavier, foram ao local e a ação terminou sendo realizada.>
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"Além do ocorrido nas terras indígenas, chegou ao conhecimento do MPF de que estaria circulando em mídias sociais dos indígenas Xavantes a informação de que a missão de saúde a ser realizada culminaria no extermínio dos Xavantes por meio da aplicação de vacinas", informou o Ministério Público Federal em nota.>
Os militares e agentes de saúde também informaram que haviam placas proibindo a vacinação nas entradas das terras indígenas xavantes.>
Coronavírus nas aldeias. O último boletim epidemiológico da Sesai, atualizado na quarta-feira, 19, aponta que já são mais de 20 mil índios infectados e 346 mortos em decorrência da covid-19>
O Mato Grosso é o segundo estado com mais vítimas fatais nas aldeias: foram 107, segundo dados reunidos pela Articulação de Povos Indígenas do Brasil (Apib).>
"A propagação das inverdades ("fake news") de que os indígenas seriam mortos pelo exército por meio da aplicação de vacinas tem o condão de gerar nas comunidades indígenas postura antivacina em relação ao covid-19 e até em relação a outras vacinas colocando os Xavantes em uma situação de extremo risco e vulnerabilidade", argumenta o MPF.>
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