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MP de Santa Catarina pede bloqueio de valores da campanha AME Jonatas

MP de Santa Catarina pede bloqueio de valores da campanha AME Jonatas

A decisão foi tomada porque o dinheiro pode estar sendo usado para custear turismo e compra de carro em detrimento do tratamento de saúde de menino em Joinville

Publicado em 17 de janeiro de 2018 às 23:26

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Jonatas sofre de atrofia muscular espinhal F. (Reprodução)

O montante arrecadado pela campanha AME Jonatas foi bloqueado a pedido do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), além de um veículo no valor de R$ 140 mil em nome dos pais do menino de 1 ano. A decisão foi tomada porque o dinheiro pode estar sendo usado para custear turismo e compra de carro em detrimento do tratamento de saúde de menino em Joinville. O MPSC também requisitou à Polícia Civil a instauração de inquérito para apurar indícios do crime de apropriação indébita.

A criança sofre de atrofia muscular espinhal (AME), daí o nome da página no Facebook criada pela família para divulgar os pedidos de doações que visam arcar com os custos dos remédios necessários. O pequeno foi diagnosticado com o tipo mais severo da anomalia degenerativa (1), grave e até então sem cura.

Segundo a Promotoria de Justiça, os pais de Jonatas teriam passado o ano novo em Fernando de Noronha, um dos destinos mais caros do Brasil, e adquirido um veículo no valor de R$ 140 mil.

A família do menino se manifestou por meio das redes sociais, se defendendo das críticas que vem recebendo, diante do pedido do MPSC.

"O que algumas pessoas falam é da viagem de três dias junto com um casal de amigos nossos. É difícil porque ficamos um ano dentro de um hospítal lutando pela vida do nosso filho e isso não é enaltecido", afirma trecho de uma publicação na página AME Jonatas sobre o bloqueio de bens. "Estamos lutando pelo nosso filho e sempre lutaremos, pedimos a gentileza de quem não quer ajudar não atrapalhe com seus comentários maldosos", acrescentou a família da criança.

Os pedidos de bloqueio de bens e de instauração de inquérito foram feitos em ação da 4ª Promotoria de Justiça da Comarca de Joinville, ajuizada em 2017 para aplicação de medida de proteção à criança. Desde então e, em especial, a partir de janeiro de 2018, a Promotoria de Justiça recolhe relatos de que os pais do Jonatas estariam utilizando os recursos arrecadados para levar uma vida de luxo.

A promotora Aline Boschi Moreira afirmou que o casal prestaria contas dos recursos arrecadados pela campanha e despesas efetuadas, sendo os valores depositados em uma conta judicial, até o dia 31 de outubro de 2017, conforme ficou acordado em audiência judicial. No entanto, os pais do menino não cumpriram o acordo.

"O fato, salvo melhor juízo, demonstra que não se pode descartar, pelo menos nessa análise inicial, possível utilização de parte das doações para fins distintos daquele almejado: a garantia do direito à saúde de Jonatas", considera a promotora.

O pedido do Ministério Público para o bloqueio dos valores da campanha e do veículo adquirido foi deferido pelo Juízo da Infância e Juventude da Comarca de Joinville - decisão que é passível de recurso. Já a requisição de inquérito foi encaminhada à Delegacia Regional de Polícia de Joinville. O próximo passo seria encaminhá-lo a uma das Promotorias Criminais da Comarca para as providências necessárias.

Em outra publicação no Facebook, desta terça-feira, os pais do menino descrevem a dificultade que a decisão causou em continuar o tratamento dele.

"(...) nosso guerreiro iria fazer a segunda dose do medicamento no domingo dia 21/01/2018 à tarde mais infelizmente, após esse bloqueio terá que ser adiado, pois as passagens áreas e valores da aplicação mais o hospital é tudo custeados pelos valores que estão na conta do Jonatas, isto está nos trazendo grandes prejuízos, pois não temos homecare e o salário dos profissionais são pagos com os valores da conta do Jonatas", frisa a campanha AME Jonatas.

A enfermidade, segundo estimativas, atinge um em cada 10 mil bebês nascidos. Dificuldade de mover os membros, de manter o tronco ereto e de engolir são algumas dificuldades encontradas por aqueles que manifestam a doença. Outros problemas vão surgindo à medida que células importantes destes pacientes são destruídas.

No caso de Jonatas, desde a gestação, foi observado que o feto manifestava poucos movimentos e, depois, o bebê teve problemas como bronquiolite e pneumonia, mas o diagnóstico da doença genética veio somente no final do ano passado, de acordo com os pais.

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