Publicado em 26 de agosto de 2022 às 17:36
RIO DE JANEIRO - O ex-presidente Lula (PT) adotou nesta sexta-feira (26) a estratégia de listar leis sancionadas em seu governo para tentar quebrar a resistência entre o eleitorado evangélico à sua candidatura à Presidência.>
Em reunião com o deputado Marcelo Freixo (PSB), candidato ao governo do Rio de Janeiro, o petista disse que sua campanha planeja um ato em São Gonçalo (RJ) voltado para o grupo religioso.>
"Não sou daqueles que misturam política. Mas nós precisamos esclarecer algumas coisas. As pessoas não sabem que quem criou a lei da liberdade religiosa foi o meu governo, em 2003. O Dia Nacional da Marcha para Jesus, em 2009, o Dia Nacional do Evangélico, em 2010, ainda no meu governo. E o Dia Nacional da Proclamação do Evangelho foi no governo da Dilma Rousseff, em 2013", afirmou.>
Lula afirmou que é preciso desfazer críticas feitas por "determinadas pessoas de má fé, mentirosas, tentando transformar religião em partido político". "É preciso que a gente diga para os evangélicos, para as pessoas normais, o que alguns pastores não querem dizer.">
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A pesquisa Datafolha mais recente mostra o presidente Jair Bolsonaro (PL) com 49% das intenções de voto entre evangélicos, contra 32% do petista. Entre os eleitores mais pobres desse grupo (renda familiar até dois salários mínimos), porém, Lula atinge 41% da preferência, contra 38% de Bolsonaro. Esse grupo representa 53% dos fiéis entrevistados.>
O recorte explica a estratégia de focar o debate da crise econômica nessa fatia. As leis listadas visam a minar a estratégia de Bolsonaro de, com a pauta moral, ampliar a rejeição a Lula entre evangélicos.>
"Tenho pleno interesse de fazer o debate com evangélicos e discutir, não religião, mas discutir Brasil, política, emprego, fome, cultura, a situação da mulher brasileira, duplamente sofrida com essa situação.">
As campanhas de Bolsonaro e Lula fazem apostas diferentes para cativar o eleitorado evangélico. A do atual presidente elegeu a pauta moral, enquanto a do petista prefere virar a chave para o tema econômico, na expectativa de que a dificuldade financeira leve esse fiel a rejeitar mais quatro anos de bolsonarismo.>
Números da mais recente pesquisa Datafolha mostram que as duas estratégias podem ganhar tração, a depender do grupo social. A arrancada de Bolsonaro nessa parcela religiosa se deve sobretudo aos fiéis de renda média e alta, enquanto, entre os mais pobres, Lula se mantém em empate técnico com o rival.>
Entre os evangélicos que recebem mais de dois salários mínimos por mês, Bolsonaro dispara: tem 61% da predileção, e o petista, 22%. A conta explica a prevalência do presidente nesse nicho como um todo: 49% dos evangélicos estão com ele, e 32% dizem optar por seu adversário à esquerda.>
O levantamento indica ainda que a questão econômica divide espaço com a identidade religiosa na formação do voto de parte dos fiéis. Quanto menor a renda, mais sensível fica esse eleitor a fatores como a inflação. A tendência de votar em Lula cresce. Não o bastante, contudo, para impedir que crença e temas morais roubem votos do petista entre os mais pobres, como sugere o resultado do Datafolha.>
O evento marcado para São Gonçalo deve ter tons mais religiosos, diferentes dos comícios políticos tradicionais da campanha petista. A intenção é fazer no mesmo dia um ato, nos moldes tradicionais, em Nova Iguaçu.>
O comício na Baixada Fluminense estava previsto para ocorrer em 8 de setembro, dia seguinte ao ato de Bolsonaro com as Forças Armadas em Copacabana no Dia de Independência.>
Contudo, há possibilidade de alteração em razão da lotação de hotéis na cidade com turistas para o Rock in Rio. Também há preocupação com a chegada de Lula em Copacabana, onde ele geralmente se hospeda, na noite do dia 7, quando a orla deve estar lotada de bolsonaristas.>
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