Publicado em 19 de janeiro de 2021 às 21:23
- Atualizado há 4 anos
Com a segunda maior bancada federal, o PSL enfrenta uma nova queda de braço interna que pode afetar a correlação de forças na disputa do comando da Câmara dos Deputados. >
Com a ajuda de deputados dissidentes do partido, o líder do bloco do centrão, Arthur Lira (PP-AL), anunciou nesta terça-feira (19) que conseguiu mais quatro apoios dentro da bancada da sigla, garantindo o respaldo da maioria dos integrantes da legenda para que ela apoie a sua candidatura.>
O partido, pelo qual o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se elegeu em 2018, havia anunciado no ano passado o apoio à candidatura do deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP), candidato do atual chefe da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).>
O acordo previa que o presidente nacional do PSL, Luciano Bivar (PE), ocupasse o posto de vice-presidente ou de primeiro-secretário caso o emedebista vencesse a disputa.>
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Com os quatro apoios, Lira teria o endosso de 36 dos 52 deputados federais eleitos pela legenda. Com o número, o líder do centrão espera conseguir formalizar a adesão do partido ao seu bloco partidário na tentativa de impor uma derrota a Baleia. Na noite desta terça, o parlamentar entregou nova lista com as assinaturas à direção da Câmara.>
Para analisar a questão, Maia marcou para o dia 27 reunião para decidir se acatará ou não a lista com as novas assinaturas.>
Segundo deputados aliados, Maia tentará, até a data da reunião, reverter os novos apoios. O esforço deve contar também com a ajuda de Bivar, responsável pelo acordo que levou o PSL para o bloco de apoio a Baleia.>
Na semana passada, Lira articulou uma lista com 32 assinaturas para que a sigla embarcasse oficialmente na sua candidatura --o apoio é importante para contar o número de deputados e garantir preferência em espaços na Mesa da Casa.>
Em tese, por contemplar metade da bancada mais um, os deputados federais poderiam migrar para o grupo de Lira. Ocorre que uma parte deles está suspensa pelo partido.>
Lira queria que, mesmo punidos, eles pudessem ser considerados para ingressar no bloco e alega que o presidente da Câmara aplicou uma punição monocrática e ilegal. Já os aliados de Maia entendiam que não.>
O assunto foi questionado na Mesa, que se reuniu na segunda-feira (18), mas o debate foi adiado depois que Bivar pediu vista. Agora, com 36 apoios, aliados de Lira dizem que não há mais como a direção da Câmara rejeitar as assinaturas.>
A tese é que, mesmo excluindo os deputados punidos, Lira teria o apoio de metade mais um do total de parlamentares que compõem a bancada e não sofreram sanções. Logo, com a assinatura da maioria, o partido seria obrigado a ingressar no bloco de apoio a Lira, mesmo com a direção da sigla contra essa decisão.>
Dirigentes do PSL, porém, afirmam que Lira terá de refazer a lista de assinaturas porque não poderia simplesmente fazer um adendo à relação anterior de nomes.>
Isso pode favorecer o PSL porque, segundo integrantes da sigla, há deputados federais que constam na lista anterior e decidiram remover suas assinaturas.>
Além disso, haverá um trabalho da legenda para que parte dos parlamentares que apoiam Lira desista de chancelá-lo. Os deputados federais que estão com o líder do PP são majoritariamente apoiadores de Bolsonaro.>
Há, porém, um grupo considerado rival do presidente que também embarcou na candidatura do representante do centrão. Dirigentes do PSL dizem que há deputados federais que traíram o partido após terem recebido fatia do fundo partidário durante a eleição municipal. Por isso, esperam que eles revejam a posição.>
Caso a Mesa confirme a ida do PSL para o bloco de Lira, a vitória do líder do centrão na disputa legislativa é dada como praticamente certa tanto por seus aliados como por membros da campanha do adversário.>
O líder do PP furaria um dos principais trunfos do seu adversário, que é ter um grande bloco de apoio, inclusive com a oposição, e garantir as principais escolhas na Mesa.>
Com o PSL, o grupo de Lira se tornaria maior e poderia provocar um efeito manada, avaliam integrantes de ambas as campanhas.>
A cúpula do Solidariedade, por exemplo, anunciou na segunda apoio a Baleia, mas há divisão na bancada --ao menos seis deputados cogitam votar em Lira. A aposta é a de que, com o PSL, haja uma pressão para que a legenda mude de posição e apoie a Lira.>
Nesta terça, Lira comentou o assunto nas redes sociais. "Para dirimir qualquer dúvida e encerrar uma polêmica do Maia, nossa maioria no PSL aumentou de 32 para 36 assinaturas. Nós somos a maioria no PSL de 53 e maioria de 35", escreveu.>
A comissão de ética do PSL se reuniu nesta terça para avaliar pedidos de expulsão dos parlamentares que já estão suspensos e declararam apoio a Lira. A decisão, no entanto, foi adiada e só deverá ser tomada na semana que vem, depois que os parlamentares apresentarem suas defesas presencialmente.>
A expulsão era uma alternativa estudada pela sigla para evitar a formalização do apoio do partido ao bloco de Lira. A outra alternativa seria Bivar adiar ao máximo a devolução do seu pedido de vista e evitar a análise dessa discussão pela Mesa, que tem maioria favorável a Lira.>
Na segunda, por exemplo, por 4 votos a 3, parlamentares decidiram que a eleição será no dia 1º de fevereiro e presencial, ao contrário do que queria Maia.>
A Câmara tem 513 deputados e nas últimas eleições a votação ocorreu dentro do plenário da Casa, que é um ambiente fechado a ventilação externa, sem janelas, propício para transmissão do coronavírus.>
Para esta eleição, que ocorrerá em meio a nova alta de casos de Covid-19, parlamentares estudam colocar urnas no salão verde e outras salas e promover uma votação com horários pré-estabelecidos para grupos de deputados e no esquema "drive-thru".>
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