Publicado em 22 de fevereiro de 2024 às 17:21
BRASÍLIA - Em cerimônia com a presença do presidente Lula (PT), o ex-ministro da Justiça Flávio Dino tomou posse nesta quinta-feira (22) como novo integrante do STF (Supremo Tribunal Federal), na vaga deixada pela ministra aposentada Rosa Weber.>
O decano da corte, Gilmar Mendes, e o último a ser empossado, Cristiano Zanin, acompanharam Dino ao plenário para o início da cerimônia. Ele leu o compromisso de posse por volta das 16h30. Após o evento, participará de uma missa na Catedral de Brasília.>
Também participaram da solenidade os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), além de diversas outras autoridades. >
Na cerimônia, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, destacou o currículo de Dino e disse que há pessoas de todas as visões políticas na posse, o que segundo ele é uma vitória da democracia e da civilidade.>
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Barroso ainda fez uma brincadeira com Dino após o novo ministro assinar o termo de posse. "Agora é sem volta", disse o presidente do tribunal.>
O novo ministro do Supremo herdará um acervo de 344 ações, que estavam sob a responsabilidade de Rosa.>
Entre esses processos, há um pedido de investigação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid contra o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) e aliados, por suspeita de incitar a população a adotar comportamentos inadequados no período da pandemia.>
Além disso, há um recurso que trata da possibilidade de concessão de indulto natalino pelo presidente da República contra pessoas condenadas por crimes com pena máxima inferior a cinco anos.>
Dino também ficará responsável pelo inquérito contra o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), que foi o seu colega na gestão de Lula. É possível que ele se declare impedido ou suspeito de julgar o caso.>
Ele também será relator de processos contra o senador Chico Rodrigues (PSB-RR), que em 2020 foi flagrado com dinheiro na cueca em uma operação da Polícia Federal contra o desvio de recursos de combate à Covid-19. Dino também era filiado ao PSB.>
Dino é o segundo indicado por Lula no atual mandato do presidente. O primeiro foi Cristiano Zanin, que foi o advogado do petista em ações da Operação Lava Jato.>
O novo magistrado é o primeiro ministro da corte, dentre os indicados desde 1985, a ter sido eleito para cargo do Executivo antes de compor o tribunal. Incluindo o Legislativo no recorte, após um hiato de pouco mais de 25 anos, Dino é o quinto indicado desde a redemocratização a ter passado por cargo eletivo.>
Ao ser aprovado no Senado para a corte, em dezembro passado, Dino recebeu 47 votos a favor e 31 contra – com duas abstenções.>
Para ter o nome ratificado, ele precisava do apoio de ao menos 41 dos 81 parlamentares, em votação secreta. Desde a redemocratização, apenas André Mendonça, indicado por Jair Bolsonaro, havia recebido mais votos contrários (32) do que Dino (31).>
Após a aprovação, Dino somou 69 dias em atividade política antes de assumir o assento no órgão de cúpula do Judiciário. Ele passou três semanas no Senado, mantendo a filiação ao PSB, mesmo tendo prometido que mudaria sua forma de atuação devido à indicação para a corte.>
Com a saída de Rosa e a chegada de Dino, a corte será formada por 10 homens e apenas uma mulher, a ministra Cármen Lúcia.>
Dino, 55, foi presidente da Embratur e governador do Maranhão. Em 2022, foi eleito ao Senado, mas Lula o convidou para ocupar o Ministério da Justiça.>
No entorno do presidente da República, a avaliação é que Dino seguirá no Supremo com o estilo combativo que marcou sua passagem pelo governo e será capaz de influenciar os votos dos pares.>
Num primeiro momento, espera-se que ele reforce os posicionamentos de Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, que têm atuado em sintonia nos julgamentos.>
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