Publicado em 30 de outubro de 2019 às 07:51
O líder do PSL na Câmara, Eduardo Bolsonaro (SP), defendeu nesta terça-feira (29) o uso da repressão policial caso o Brasil registre protestos como os que estão acontecendo no Chile por melhorias sociais e contra o alto custo de vida no país.>
Em discurso no plenário da Casa, Eduardo acusou a esquerda de não ser democrática e de querer um terceiro turno das eleições. "Eles vão querer repetir no Brasil o que está acontecendo no Chile. O Chile é a referência da América Latina com relação à economia. A maior renda per capita da América Latina, a referência em Previdência", afirmou.>
Segundo o deputado, "essa galera está doida para voltar no poder para mamar de novo nas estatais, para mamar de novo nos fundos de pensão.">
"Não vamos deixar isso aí vir para cá. Se vier para cá, vai ter que se ver com a polícia. E se eles começarem a radicalizar do lado de lá, a gente vai ver a história se repetir. Aí é que eu quero ver como a banda vai tocar", criticou, sem especificar a que acontecimento histórico se referia.>
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No discurso, Eduardo elogiou as reformas realizadas pelo economista José Piñera no Chile nos anos 1980, durante a ditadura de Augusto Pinochet, que, segundo o parlamentar, colocaram o país vizinho "num círculo virtuoso que, até hoje, mesmo quando entra uma esquerdista como a [ex-presidente Michelle] Bachelet no poder, ela não consegue alterar.">
Piñera é irmão do atual presidente do Chile, Sebástian Piñera, cujo modelo de governo tem sido questionado pela população. No último dia 25, um protesto no país reuniu 1,2 milhão de pessoas.>
Inicialmente contrárias ao aumento de 3,75% na tarifa de metrô, as mobilizações debandaram para outras reivindicações e hoje representam o episódio social mais grave em quase três décadas no país, desde o final da ditadura de Pinochet, em 1990.>
Mesmo com o cancelamento do reajuste, as mobilizações só cresceram. As demandas agora englobam melhoria no acesso à saúde e à educação, serviços privatizados e que consomem boa parte da renda dos chilenos. Ainda que o Chile seja uma das economias mais estáveis da América Latina, é ao mesmo tempo uma das mais desiguais da região.>
No discurso, Eduardo também rebateu uma reportagem da revista IstoÉ que afirma que o parlamentar usou recursos do fundo partidário para pagar sua lua de mel. O deputado qualificou a matéria de "covardia" e disse que ainda está pagando as nove parcelas da viagem.>
O líder do PSL disse ainda que entraria com uma ação contra o jornalista responsável pela reportagem e que vai convocá-lo para depor na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) das fake news.>
Eduardo aproveitou para criticar reportagem do jornal Folha de S.Paulo sobre disparos em massa realizados pela campanha de Jair Bolsonaro durante as eleições e, assim como seu pai, o presidente Jair Bolsonaro, distorceu uma decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). "Ele [o presidente] foi absolvido agora, mas olha só, mais de um ano para ser absolvido", disse.>
Não houve, porém, qualquer decisão do TSE neste sentido. Na verdade, o relator da ação citada, o corregedor-geral de Justiça Eleitoral Jorge Mussi, negou pedidos de produção de prova feitos pelos advogados do ex-candidato presidencial Fernando Haddad (PT) e abriu prazo para as alegações finais de ambas as partes.>
Depois dessa etapa, falta ainda manifestação do Ministério Público Eleitoral e só posteriormente o caso segue para o plenário do TSE --momento em que tanto Mussi quanto os demais ministros do tribunal eleitoral apresentarão os seus votos e haverá uma decisão da corte do tribunal sobre o tema.>
Em uma série de reportagens desde outubro do ano passado, a Folha de S.Paulo revelou a contratação durante a campanha eleitoral de empresas de marketing que faziam envios maciços de mensagens políticas, usando de forma fraudulenta CPFs de idosos e até contratando agências estrangeiras.>
Uma das reportagens noticiou que empresários apoiadores do então candidato Bolsonaro bancaram o disparo de mensagens em massa contra Haddad, que foi derrotado e também acabou multado pelo TSE pelo impulsionamento irregular de conteúdo desfavorável ao seu então adversário.>
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