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Diesel está mais caro, mesmo com subsídio do governo

Diesel está mais caro, mesmo com subsídio do governo

Para analistas, valor na refinaria seria menor com antiga política de preços da Petrobras

Publicado em 1 de agosto de 2018 às 09:26

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Preço do diesel não cai, mesmo com subsídio do governo. (Divulgação)

O governo editou na noite desta terça-feira a medida provisória que mantém o subsídio para o preço do diesel. O desconto no valor do produto vale até 31 de dezembro. O custo para o país de manter o preço reduzido do combustível - principal medida adotada pelo governo para chegar ao acordo que encerrou a greve dos caminhoneiros, em maio - é estimado em R$ 13,5 bilhões, dos quais R$ 9,5 bilhões são o custo direto do Tesouro e R$ 4 bilhões são referentes à redução de impostos. Mesmo com toda essa complexa (e custosa) operação, o diesel nas refinarias hoje é mais caro do que seria caso a Petrobras tivesse mantido sua política de reajuste.

Segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), o valor na refinaria seria de R$ 1,9969 por litro, patamar 1,7% abaixo do preço atual, de R$ 2,0316, congelado pelo governo desde junho.

Para o consumidor final, até agora, a redução de preços ficou abaixo das expectativas. O desconto total dado pelo governo foi de R$ 0,46 - dos quais R$ 0,30 referem-se à subvenção do Tesouro e R$ 0,16, à redução de impostos. Nas bombas, porém, a queda registrada desde a primeira semana de junho não passa de R$ 0,10. Na pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP) da última semana, o preço ao consumidor final estava em R$ 3,378. Entre o preço na refinaria e o que é cobrado do consumidor entram variáveis como impostos e a margem do revendedor.

Adriano Pires, diretor do CBIE, explica que o valor na refinaria seria menor com a política de preços da Petrobras porque a cotação do petróleo recuou no período. A Petrobras ajustava o preço de acordo com a flutuação do barril de petróleo e do dólar.

- Isso mostra como o governo foi precipitado ao adotar o congelamento de preços do diesel por 60 dias. Eles (o governo) não entendem que o mercado de petróleo e de derivados, como o diesel, é volátil e sazonal. Esqueceram que, nesta época de verão no Hemisfério Norte, o consumo de diesel cai e, com isso, caem os preços - destacou Pires.

A complexa política de subsídio gerou complicadores. Um deles é a forma de ressarcimento de refinarias e importadores, incluindo a própria Petrobras. Como a medida é recente, a ANP ainda não conseguiu efetuar todos os pagamentos devidos. Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), as empresas ainda esperam receber cerca de R$ 1,4 bilhão.

- Não sabemos quando vamos receber. Isso mostra como a política de tabelamento não é boa para ninguém, nem para o consumidor - afirmou Sérgio Araújo, presidente da Abicom.

O governo defende o subsídio como forma de dar previsibilidade aos reajustes. Técnicos da equipe econômica argumentam que, apesar de estar mais barato neste momento, o preço pode crescer nos próximos 30, 60 ou 90 dias. Por enquanto, o governo irá manter nos valores de hoje o preço para a comercialização do diesel nas refinarias. Mas, a partir de setembro, o preço irá mudar a cada 30 dias - alterando, também, o valor nas bombas. Esse patamar não mudará agora porque o governo entendeu que não houve variação significativa no câmbio e no preço do barril de petróleo. Mas poderá ser reajustado nos próximos meses, a depender do comportamento das duas variáveis.

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- É óbvio que, se no preço internacional tivermos variação em cada um dos meses, e se nos 30 dias a avaliação for positiva, pode haver aumento. Teremos que ver quanto variou o preço internacional do petróleo e do óleo diesel - disse o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.

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