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Delegado diz que Ramagem decidiu trocar PF do Rio antes de ser nomeado

Delegado diz que Ramagem decidiu trocar PF do Rio antes de ser nomeado

Comando do órgão no Estado está no centro do inquérito que apura se Bolsonaro tentou interferir na Polícia Federal

Publicado em 19 de maio de 2020 às 19:50

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O diretor-executivo da Polícia Federal Carlos Henrique Oliveira de Souza disse em novo depoimento, prestado nesta terça (19), que o diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Alexandre Ramagem, já tratava da troca da chefia da superintendência da PF no Rio de Janeiro antes mesmo de ser nomeado para a Diretoria-Geral da Corporação.

26 de junho de 2019 - Indicado para exercer o cargo de diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem Rodrigues
26 de junho de 2019 - Indicado para exercer o cargo de diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem Rodrigues. (Marcos Oliveira/Agência Senado)

O comando do órgão no Rio está no centro do inquérito que apura se o presidente Bolsonaro tentou interferir na PF para ter acesso a investigações com potencial de atingir sua família e aliados.

Oliveira era o superintendente no Rio e assumiu recentemente a Diretoria-Executiva, segundo cargo na hierarquia da PF. Ele prestou depoimento da semana passada, mas pediu para ser reinquirido.

Na primeira oitiva, questionado se algum cotado para a Diretoria-Geral da PF o havia sondado para o cargo que ocupa atualmente, ele disse que não.

Nesta terça, mudou a versão e afirmou que, "na verdade", foi procurado por Ramagem em 27 de abril, o qual lhe perguntou se aceitaria ser o Diretor-Executivo em sua gestão. Oliveira afirmou ter aceitado o convite.

Ramagem foi nomeado no dia seguinte por Bolsonaro, mas o STF (Supremo Tribunal Federal) barrou o ato por indícios de desvio de finalidade.

A troca do comando na superintendência é alvo de polêmica desde agosto do ano passado, quando Bolsonaro fez a primeira investida por mudança.

Oliveira narrou também outro episódio não citado no primeiro depoimento.

RAMAGEM LEVOU DELEGADO PARA REUNIÃO COM BOLSONARO

Disse que, no segundo semestre de 2019, Ramagem o chamou para uma reunião com Bolsonaro no Planalto. Na época, ele chefiava a PF em Pernambuco e era cotado para o cargo no Rio.

O encontro, noticiado pela Folha de S.Paulo na semana passada, foi fora dos padrões, uma vez que nem o então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, e nem o então ministro da Justiça, Sergio Moro, compareceram.

O número 2 da PF contou que Bolsonaro fez uma explanação de sua trajetória até a eleição e dos desafios que enfrentou.

Questionado se o mandatário fez algum questionamento sobre investigações no Rio, Oliveira disse que não e que nenhum objetivo específico para a audiência foi citado por ele.

O depoimento se deu na sede da PF em Brasília.

Os investigadores perguntaram sobre o possível vazamento da Operação Furna da Onça.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, o empresário Paulo Marinho disse que um delegado antecipou a investigação ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), que seria envolvido no caso, em 2018.

No contexto desse assunto, perguntado se saberia de algum policial que seria próximo da família Bolsonaro, Oliveira citou o delegado Márcio Derenne.

Ele relatou que Derenne, atualmente a serviço da Interpol, no exterior, seria próximo dos filhos do presidente, não sabendo precisar qual.

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Afirmou também não saber precisar se, na época da Furna da Onça, em 2018, o delegado estava trabalhando na PF no Rio ou cedido para algum outro órgão ou setor da corporação.

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