Publicado em 3 de agosto de 2022 às 14:39
BRASÍLIA - O Ministério da Defesa enviou nove militares ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) nesta quarta-feira (3) para começar a inspeção do código-fonte das urnas eletrônicas. A análise deve se encerrar no próximo dia 12.>
As Forças Armadas, assim como todas as entidades de fiscalização das eleições, podem inspecionar o código das urnas desde outubro de 2021.>
Mesmo com os dados disponíveis há 10 meses, o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, enviou na segunda-feira (1º) documento com carimbo de "urgentíssimo" pedindo para o TSE agendar a análise para o dia seguinte. O presidente Jair Bolsonaro (PL) tem usado os questionamentos das Forças Armadas para ampliar ataques as urnas eletrônicas.>
Durante a manhã, os nove militares acompanharam uma apresentação de técnicos do TSE sobre o sistema eleitoral. À tarde, passaram a analisar o código-fonte em uma sala montada no subsolo do tribunal.>
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O grupo da Defesa é formado pelo coronel Marcelo Nogueira de Sousa (Exército), coronel Ricardo Sant'ana (Exército), capitão Marcus Rogers Cavalcante Andrade (Marinha), capitão Hélio Mendes Salmon (Marinha), capitão Vilc Queupe Rufino (Marinha), tenente-coronel Rafael Salema Marques (Aeronáutica), major Renato Vargas Monteiro (Exército), major Márcio Antônio Amite (Exército) e o capitão Heitor Albuquerque Vieira (Aeronáutica).>
Um representante do PTB também inspecionou estes dados nesta quarta-feira. O partido pediu para realizar a análise até o próximo dia 5.>
Na quinta-feira (4), o TSE ainda recebe influenciadores digitais do grupo "Redes Cordiais". Técnicos do tribunal devem conversar com eles para que eles produzam conteúdo informativo sobre o processo eleitoral.>
Há expectativa de que Pastor Pedrão, que realizou o casamento do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), seja um dos influenciadores presentes no evento.>
Segundo o TSE, já fizeram a inspeção no código-fonte quatro entidades: a CGU (Controladoria-Geral da União), MPF, UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e o Senado Federal.>
A PF (Polícia Federal) deve analisar esses dados entre 22 e 26 de agosto. Já o PL, partido do presidente Jair Bolsonaro (PL), e o PV se inscreveram, mas não fizeram a análise, ainda de acordo com o TSE. Os códigos que estão sob análise são de programas de computador embarcados na urna eletrônica.>
Em nota, a Defesa disse que a inspeção é feita em data agendada e que usou carimbo de "urgentíssimo" no documento enviado ao TSE por causa do "pouco tempo disponível até o dia da votação".>
"Ressalta-se, ainda, que o pedido ao TSE ocorreu agora haja vista o início dos trabalhos das entidades fiscalizadoras, a partir da reunião técnica de orientação feita pelo Tribunal ontem, segunda-feira (1º)", declarou a Defesa.>
Já o tribunal disse que o período de inspeção do código está aberto desde outubro de 2021. Também afirmou que avisou em outubro as Forças Armadas que estas informações estavam disponíveis para inspeção.>
As Forças Armadas foram chamadas pelo próprio TSE, em 2021, para participar de discussões sobre as regras das eleições.>
Desde então, os militares encerraram um silêncio de 25 anos sobre as urnas eletrônicas e apresentaram mais de 80 questionamentos ao tribunal, além de uma série de propostas de mudanças para o pleito.>
A crise na relação entre o TSE e as Forças Armadas tem se intensificado desde maio, quando a corte apontou erros de cálculos dos militares ao negar sugestões dos militares de mudanças nos procedimentos das eleições.>
No fim de julho, o Ministério da Defesa mudou a estratégia de atuação junto ao TSE e designou dez militares das três Forças para participar da fiscalização das eleições.>
O grupo estabeleceu três sugestões prioritárias a serem acatadas pelo TSE. São elas: realizar o teste de integridade das urnas nas mesmas condições de votação, incluindo o uso de biometria; promover o TPS (Teste Público de Segurança) no modelo de urna UE2020, que representa 39% do total de urnas; incentivar a realização de auditoria por outras entidades, principalmente por partidos políticos, conforme prevê a legislação eleitoral.>
A expectativa de auxiliares do ministro Paulo Sérgio é que com a posse de Alexandre de Moraes na presidência do TSE, marcada para 16 de agosto, a corte acate ao menos parte das sugestões das Forças Armadas.>
Bolsonaro já afirmou que ele mesmo passou a ter voz dentro do TSE com a entrada dos militares no debate.>
"Eles [TSE] convidaram as Forças Armadas a participarem do processo eleitoral. Será que esqueceram que o chefe supremo das Forças Armadas se chama Bolsonaro?", disse no fim de abril.>
No mês seguinte, o presidente do TSE, Edson Fachin, afirmou que a eleição é tema de "forças desarmadas".>
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