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Defesa de Lula diz que caixa 2 da Odebrecht não serve como prova

Defesa de Lula diz que caixa 2 da Odebrecht não serve como prova

Perito contratado pelos advogados do ex-presidente diz que há falhas e alterações no original

Publicado em 2 de abril de 2018 às 21:30

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Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente da República. (Rafael Ribeiro)

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou pedido para que o juiz Sergio Moro não aceite como provas informações extraídas do sistema de contabilidade paralela da Odebrecht. O pedido foi feito com base em laudo do perito Cláudio Wagner, inscrito no Conselho Regional de Contabilidade do Estado do Rio Grande do Sul, que analisou os sistemas da Odebrecht como técnico escolhido pela defesa.

Segundo Wagner, a Odebrecht não entregou os dados de seu principal sistema, o MyWebDay B, único capaz de demonstrar o fechamento de contas financeiras e, portanto, não dá para saber o destino do dinheiro, as pessoas envolvidas e o encontro de contas, para saber se os valores provisionados de fato foram entregues.

O pedido foi apresentado na ação que o ex-presidente responde na Justiça Federal de Curitiba por benefícios recebidos da Odebrecht, um prédio comprado para o Instituto Lula, que não foi usado, e um apartamento vizinho ao do ex-presidente, que a defesa diz ter sido alugado pela família Lula.

A perícia contratada pela defesa de Lula afirma que “a mídia apresentada pela Odebrecht carece de integridade e autenticidade” e que o Ministério Público Público Federal não teria observado as normas para recebimento de provas, tendo alterado o estado original

"O parquet não dispensou os devidos cuidados ao material sob sua custódia, nem tampouco se certificou, no momento do recebimento, se a dita prova estava íntegra, autêntica e em conformidade com os termos celebrados, visto que “o principal e único sistema utilizado pela Odebrecht para o registro da contabilidade paralela, o MyWebDay B, capaz, em princípio, de fazer prova completa e integrada das operações realizadas, não foi disponibilizado”, diz o documento.

A defesa diz que não dá para comprovar se as cópias são fiéis aos arquivos da empreiteira e atestar que não foram alterados dados antes da entrega da cópia ao Ministério Público Federal.

Os advogados dizem que, de acordo com o parecer, “os peritos acomodam valores e datas de acordo com o que necessitam para aproximar ao que pretendem demonstrar, sempre por dedução”, o que contraria a prova pericial. Afirmam ainda que não há provas de pagamentos à DAG Construtora, Glaucos da Costamarques e Teixeira, Martins Advogados.

A defesa de Lula diz ainda que a própria perícia oficial cita destruição de arquivos e que "é, no mínimo, uma curiosa" que haja uma coincidência, pois a destruição de arquivos teria ocorrido na mesma data em que Marcelo Odebrecht teria entregue a seus advogados um bilhete em que determinaria a destruição de provas.

O perito da defesa teria ainda observados lançamentos que serviram para embaralhar a movimentação bancária, invalidando o material como prova judicial.

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A defesa diz ainda que as planilhas de Maria Lúcia Tavares, secretária do departamento de propina, não indicavam efetivação de pagamento e que, além disso, havia desvios de propina para beneficiar executivos da empresa, como teria confessado Fernando Migliaccio, que recebia dinheiro em espécie de doleiros e em contas na suíça em nome da offshore Broken Arrow.

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