Publicado em 3 de outubro de 2022 às 17:35
A coleta das informações do Censo Demográfico 2022 tem atraso e só deve ser concluída no início de dezembro, indicou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta segunda-feira (3).>
As entrevistas começaram em 1º de agosto. O órgão planejava o término para outubro, mas vem enfrentando dificuldades para preencher o quadro de recenseadores, que são os responsáveis pela aplicação dos questionários.>
O problema forçou a revisão no prazo estimado para a conclusão dos trabalhos, segundo o IBGE. O instituto afirmou que conta com 95,4 mil recenseadores em ação no país, o equivalente a apenas 52,2% do total de postos disponíveis.>
O número de contratados já ultrapassou 140 mil, mas uma parcela deles não está em campo devido a diferentes razões, como desistências ou não renovação dos vínculos por parte do instituto.>
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"O maior desafio do Censo 2022 é captar interessados para as vagas de recenseadores", disse Bruno Malheiros, coordenador de recursos humanos do IBGE.>
Com base nas experiências históricas, o instituto argumenta que não é necessário preencher todos os postos, embora o ideal seja elevar o patamar atual (52,2%).>
Até domingo (2), o Censo contou 104,4 milhões de pessoas no Brasil. O número corresponde a pouco menos da metade da população que o IBGE planeja encontrar no país — cerca de 215 milhões.>
"A operação está atrasada. A gente imaginava fechar o Censo em outubro", afirmou Cimar Azeredo, diretor de pesquisas do IBGE.>
"O que explica o atraso é a dificuldade para contratar recenseadores. O mercado de trabalho está aquecido", completou.>
Segundo o diretor, o instituto segue com o compromisso de entregar os primeiros resultados do Censo até o final deste ano.>
O Estado com o maior déficit de recenseadores é Mato Grosso, com 36,8% dos postos de trabalho ocupados. São Paulo, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul também apresentam dificuldades.>
O desemprego mais baixo nessas regiões é associado pelo IBGE às restrições de mão de obra. Sergipe, por outro lado, está com 68,8% das vagas preenchidas, diz o instituto.>
"São Paulo com certeza é um Estado que vai demorar mais tempo (na coleta). Mato Grosso, também. O Nordeste deve terminar até final de outubro, início de novembro", apontou Azeredo.>
Da população já contada (104,4 milhões), 42% estava na região Sudeste, 27% no Nordeste, 14,3% no Sul, 8,9% no Norte e 7,8% no Centro-Oeste. Até o momento, a parcela de mulheres era de 52%, e a dos homens, de 48%.>
"Esse total de pessoas entrevistadas corresponde a 49% da população estimada do país", afirmou Luciano Duarte, gerente técnico do Censo.>
Como mostrou o jornal Folha de S.Paulo, a coleta deste ano caminha em velocidade mais baixa do que a verificada em 2010, quando ocorreu o Censo mais recente.>
Em igual período daquele ano, a pesquisa já havia contado mais de 80% da população estimada no país, contra os 49% do levantamento atual.>
"Estamos pensando em novas estratégias e alternativas de recrutamento, a fim de alavancar e melhorar a produtividade nos estados com menor percentual de população recenseada", disse Duarte.>
Nas redes sociais, o instituto é alvo de queixas de recenseadores desde o início das entrevistas. A categoria, contratada de maneira temporária, reclama da demora na liberação de pagamentos e de valores abaixo dos esperados.>
Nesta segunda, o IBGE prometeu incentivos para estimular os trabalhadores. Conforme o órgão, a ideia é realocar recursos de outras áreas da pesquisa para tornar as taxas de pagamento mais atrativas, além de melhorar auxílios para o deslocamento dos profissionais.>
"No momento, estamos fazendo a realocação de outras rubricas para cobrir a parte do pagamento das taxas", relatou Cláudio Barbosa, coordenador operacional do Censo.>
Segundo ele, parte das licitações teve valores menores do que os previstos inicialmente, em áreas como tecnologia e informação, o que pode ajudar no reforço da verba para os recenseadores. A remuneração dos profissionais é variável e depende da produção diária.>
O Censo costuma ser realizado de dez em dez anos. Para a produção da pesquisa em 2022, o IBGE conta com um orçamento de cerca de R$ 2,3 bilhões.>
De acordo com Azeredo, a demora inicial nos pagamentos para recenseadores ocorreu em razão de problemas operacionais, e não por falta de dinheiro.>
O diretor afirmou que ainda aguarda um "quadro mais claro" do andamento da coleta para saber se o instituto precisará ou não de mais recursos. "É bem provável que sim", relatou.>
Nesta segunda, Azeredo também foi questionado se uma coleta mais longa do que a prevista poderá comprometer a acurácia dos dados. Ele argumentou que o controle de qualidade das estatísticas evoluiu e é "bem superior" ao de edições anteriores.>
"O trabalho dos recenseadores não se encerra na coleta. Eles podem cometer erros, mas existe um trabalho de supervisão que vem sendo feito. Temos também uma pesquisa de pós-enumeração, que avalia a qualidade das informações. Estamos bem seguros quanto à qualidade do Censo.">
O IBGE ainda relatou que enfrenta dificuldades no acesso a condomínios. Para garantir a visita dos recenseadores aos endereços, o órgão elaborou uma estratégia alternativa que pode incluir até a busca por mandados judiciais.>
Em áreas de risco, com a presença de grupos criminosos, o instituto aposta na interlocução com lideranças das comunidades. O trabalho nesses locais não foi apontado como uma das principais dificuldades no momento.>
As informações do Censo servem como base para políticas públicas no país e podem influenciar até as decisões de investimento das empresas.>
A nova pesquisa, inicialmente prevista para 2020, foi adiada por dois anos consecutivos. Os atrasos ocorreram em razão das restrições da pandemia, em 2020, e do corte da verba, em 2021, por parte do governo federal.>
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