Publicado em 29 de agosto de 2022 às 15:00
Em 2012, um vergalhão atravessou a cabeça do operário Eduardo Leite, enquanto ele trabalhava em uma obra no Rio de Janeiro. Dez anos depois do acidente, o carioca é tema de estudos científicos sobre lesões no cérebro e na busca por tratamento em casos de acidentes como esse.>
O acidente aconteceu no dia 16 de agosto de 2012, enquanto Eduardo trabalhava na construção de um prédio na Zona Sul do Rio de Janeiro.>
Ele estava agachado e usando um capacete, quando o vergalhão, de dois metros e meio de comprimento, caiu do quinto andar, em uma altura de 15 metros. Na hora do acidente, o operário estava no térreo da obra e teve a cabeça atravessada pela barra de ferro, saindo pela altura dos olhos.>
O operário foi levado às pressas para o hospital, onde passou por cirurgia para a retirada do vergalhão, que durou cerca de seis horas. Ele permaneceu internado por 15 dias no Centro de Terapia Intensiva (CTI).>
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Apesar da gravidade do acidente, Eduardo, que atualmente está aposentado, não carrega sequelas do ocorrido, além de cicatrizes no rosto e na cabeça.>
Mas como ele perdeu 11% de massa encefálica, atingindo o córtex pré-frontal, no lado direito de uma região vital e responsável pelas nossas tomadas de decisões, os médicos esperavam que ele tivesse alterações de comportamento.>
Por conta disso, iniciou-se os estudos de pesquisadores do Brasil e Estados Unidos para o acompanhamento de Eduardo e como ele reage com o passar dos anos após o ocorrido.>
Segundo informou em entrevista ao Fantástico, Renato Rozental, pesquisador da Fiocruz, o caso do carioca é bem semelhante a outro de um trabalhador que também teve o córtex pré-frontal perfurado por um vergalhão.>
Nos Estados Unidos, o também operário Phineas Gage, de 25 anos, sofreu o acidente de mesma proporção, há 174 anos. Mas diferente do brasileiro, a barra atravessou o lado esquerdo e Gage apresentou mudanças de comportamento, se tornando agressivo e rude.>
"Supúnhamos que iríamos encontrar um quadro semelhante, mas imediatamente, após a saída do centro cirúrgico, o Eduardo se mostrou altamente compensado", disse Rozental.>
Eduardo contou em entrevista ao Fantástico (TV Globo) detalhes sobre sua vida atual após o ocorrido. Uma das suas poucas dificuldades é realizar tarefas que exigem os dois lados do cérebro simultaneamente.>
Um estudo com a conclusão de que um lado do cérebro é capaz de compensar o outro será publicado na revista científica Lancet, uma das mais respeitadas do mundo.>
"Durante esses dez anos de estudos, o Eduardo mantém a performance, constância com as relações pessoais e familiares", detalhou Renato Rozental.>
Eduardo toma diariamente remédios contra convulsões, que ocorrem em pacientes que têm traumas cerebrais. "Se eu esquecer de tomar o remédio, dá crise. Ela vem com força. Dá um medo porque a gente está bem, mas e amanhã? Será que vou acordar bem?".>
Agora, os médicos pesquisarão novas maneiras de reproduzir essa compensação cerebral em outros pacientes. >
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