Publicado em 22 de agosto de 2018 às 10:26
Candidatos aos cargos em disputa nas eleições 2018 declararam à Justiça Eleitoral possuir R$ 304 milhões em dinheiro vivo R$ 3 milhões mais do que no pleito de 2014 se considerado o valor nominal. Caso fosse corrigido pela inflação acumulada no período (IPCA), o montante declarado em agosto de 2014 pelos candidatos à época equivaleria hoje a R$ 384 milhões. O dinheiro este ano está distribuído no patrimônio de 2.390 candidatos na eleição passada, pertencia a 1.995 postulantes.>
Levantamento feito pelo Estado nos dados oficiais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que um grupo de 36 candidatos informou possuir valores que superam R$ 1 milhão em espécie. Desses, dez políticos declararam ter entre R$ 2 milhões e R$ 5,3 milhões. A reportagem não considerou valores em moeda estrangeira apenas em reais. Como o tribunal não exigiu detalhamento no pedido de registro de candidatura, eles não discriminaram como mantêm quantias tão volumosas.>
O candidato com mais dinheiro guardado no colchão é o atual suplente de deputado e comerciante Juraci Tesoura de Ouro (PTB-DF), de 57 anos. Ele e familiares são donos de uma série de empresas em diferentes ramos, como confecções, cerca de 100 lojas, postos de gasolina e até construtoras. Juraci possui R$ 5,3 milhões em dinheiro vivo, o equivalente a 75% dos patrimônio total que declarou: R$ 7,1 milhões. Ao Estado, ele afirmou que guarda o dinheiro porque faz muitos negócios.>
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O Estado revelou, em julho, que o TSE, em parceria com a Receita Federal e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), planeja aumentar a fiscalização sobre o dinheiro em espécie declarado por candidatos, como forma de coibir o caixa 2.>
Os órgãos suspeitam que parte das declarações seja fraudulenta e sirva como estratégia de lavagem de capital antecipada. Segundo técnicos envolvidos nas apurações, há candidatos que declaram guardar em casa recursos que, em verdade, não têm.>
Investigadores consideram valores acima de R$ 50 mil pouco factíveis de serem mantidos fora de instituições financeiras. Assim, a declaração informada à corte poderia lastrear dinheiro de origem ilícita usado para custear gastos de campanha ou dar aparência legal a sobras de caixa 2 que, ao fim do pleito, terminariam somadas ao patrimônio pessoal de candidatos.>
Bens>
Entre os 28.125 candidatos que pediram registro neste ano, o total de bens declarados chegou a R$ 25,2 bilhões, sendo que imóveis somam R$ 11,6 bilhões, o equivalente a 46% do total. Por orientação da Receita, casas, terrenos, apartamentos, galpões e prédios comerciais ou residenciais, entre outros imóveis, devem ser declarados com base no valor venal apurado na data de compra, a despeito de variações imobiliárias de mercado ao longo dos anos. Por isso, o patrimônio real dos candidatos pode estar subestimado.>
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Já os R$ 304 milhões em dinheiro vivo representam apenas 1,2% do volume patrimonial. Os valores em moedas estrangeiras, sem especificação, foram convertidos pelos candidatos somando R$ 6,9 milhões.>
Os veículos dos candidatos representam outros 5,1% do total de bens, com valor estimado de R$ 1,28 bilhão. Os candidatos possuem ainda aeronaves avaliadas em R$ 60 milhões. E aplicaram R$ 184 milhões em previdência privada.>
Comerciante do DF afirma ter R$ 5,3 mi em espécie>
Conhecido como Tesoura de Ouro por causa da marca de sua rede de lojas no Distrito Federal, o empresário Juraci Pessoa de Carvalho, candidato a uma vaga na Câmara pelo PTB, esconde onde guarda R$ 5,3 milhões em dinheiro vivo. Não vou dizer onde eu guardo, por uma questão de segurança. Mas esse dinheiro existe e a origem é o meu trabalho.>
Juraci afirmou que não investe esse dinheiro porque toda hora precisa de alguma coisa. Ele é alvo de ações na Justiça, como cobrança por dívidas tributárias e uma ação penal, acusado de lavagem de dinheiro e grilagem de terras e suspeito de ocultar patrimônio por meio de laranjas. Disse já ter provado sua inocência.>
O deputado estadual de Mato Grosso Gilmar Fabris (PSD) declarou ter R$ 4,5 milhões em espécie. No ano passado, ele foi preso depois de ter sido delatado pelo ex-governador Silval Barbosa (MDB). Fabris nega vínculos com o esquema de corrupção.>
Candidato a deputado estadual pelo MDB mineiro, o ex-prefeito de Ipatinga Sebastião Quintão tem R$ 3,5 milhões em espécie. Tenho 74 anos, comecei a trabalhar com 7. Sou jeca, trabalho 16 horas sem ser registrado e sem gastar, se eu não tivesse alguma coisa, seria muito ordinário.>
Quarto com mais dinheiro vivo, o ex-prefeito de Palmas Carlos Amastha, candidato do PSB ao governo do Tocantins, disse não ter mais os R$ 3,4 milhões declarados parte já foi aplicada na própria campanha. Já Paco Britto (Avante), candidato a vice-governador do Distrito Federal, tem R$ 2,4 milhões em espécie. Esse dinheiro é da venda de bens meus, bens já declarados legalmente.>
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