Publicado em 14 de outubro de 2024 às 08:51
Conteúdo investigado: Publicação no X afirma que o candidato a prefeito de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), ultrapassou o adversário Pablo Marçal (PRTB) durante a apuração dos votos às 18h45. A postagem diz que foi neste mesmo horário também que Dilma Rousseff (PT) e Lula (PT) “viraram” em relação aos demais candidatos nas eleições de 2014 e 2022, respectivamente. “Tudo coincidênssias (sic)”, diz o autor. >
Onde foi publicado: X, Telegram e TikTok.>
Conclusão do Comprova: O candidato Guilherme Boulos (PSOL) não ultrapassou o adversário Pablo Marçal (PRTB) às 18h45 durante a apuração dos votos, assim como a ex-presidenta Dilma Rousseff e o presidente Lula não ganharam vantagem neste mesmo horário contra os adversários Aécio Neves (PSDB) e Jair Bolsonaro (PL), respectivamente, nas eleições de 2014 e 2022.>
A publicação busca pôr em dúvida o processo eleitoral com informação falsa, ao tentar convencer que, nas três eleições, as viradas aconteceram no mesmo horário. Em outro conteúdo, um homem gravou um vídeo e publicou no TikTok mostrando as mesmas imagens utilizadas pelo post original, publicado no X.>
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No entanto, na apuração dos votos da eleição de domingo (6), em São Paulo, Boulos ultrapassou Marçal às 18h40. O G1 disponibilizou um gráfico animado onde dá para observar a disputa acirrada entre os candidatos. Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).>
Em 2014, a então presidenta Dilma Rousseff (PT), que concorria à reeleição, ultrapassou Aécio Neves às 19h32 no segundo turno, como consta no relatório do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que registra a cada minuto a atualização da apuração dos votos.>
O gráfico utilizado pela publicação com informação falsa foi retirado de uma matéria do G1, mas com o horário manipulado. Na própria imagem compartilhada é possível ver o horário correto e perceber que o 18h45 está em fonte diferente, ou seja, foi inserido por terceiros.>
Em 2022, o momento em que a quantidade de votos de Lula superou os de Bolsonaro no primeiro turno foi às 20h02. No segundo turno, a virada aconteceu em um horário mais próximo do que foi divulgado pela publicação, às 18h44, como informa o TSE (conferir aqui e aqui – arquivos ZIP).>
Vale contextualizar que o termo “virada” pode gerar uma interpretação equivocada. Isso porque, na prática, o resultado do pleito já está definido assim que as urnas são fechadas, às 17h. A “disputa” durante a apuração é, na verdade, um reflexo do processo de computação dos votos, que é realizada de forma gradativa a partir do envio das informações dos tribunais regionais.>
O Comprova tentou entrar em contato com o responsável pela publicação, mas o perfil está configurado para não receber mensagens.>
Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.>
Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. O post compartilhado no X teve 624 mil visualizações, o vídeo no Tiktok passou dos 217 mil, enquanto o post que circula no Telegram alcançou 2,9 mil visualizações>
Fontes que consultamos: Os dados da apuração em tempo real do Tribunal Superior Eleitoral e os gráficos elaborados pelo portal G1.>
Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.>
Outras checagens sobre o tema: O conteúdo falso também foi checado pelo Uol Confere, Estadão Verifica, Agência Lupa, Aos Fatos e Reuters. Todas as iniciativas concluíram que as publicações são falsas. O Comprova já realizou várias checagens sobre insinuação de fraudes eleitorais envolvendo as urnas. Recentemente, um vídeo antigo voltou a circular com a ideia de que o sistema brasileiro é uma fraude.>
Investigação e verificação
Investigado por: CNN Brasil, UOL e Agência Tatu
Texto verificado por: Correio do Estado, Metrópoles, Estadão, A Gazeta, Folha e Nexo
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