Publicado em 8 de maio de 2020 às 13:35
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) apresentou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pedido de reconsideração da suspensão de Alexandre Ramagem para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal (PF). >
A solicitação está nas informações prestadas por determinação do magistrado. A Advocacia Geral da União (AGU) enviou o documento na última terça-feira (6).>
Na peça, o Palácio do Planalto defende Ramagem e diz que não há quaisquer provas de alguma ordem presidencial voltada para manipular ou fraudar investigações da PF.>
Sobre as acusações de Sergio Moro, afirma que conversas trocadas por aplicativos podem, fora de contexto, ter interpretações dúbias e que Bolsonaro "jamais" solicitou ou cogitou pedir informações acobertadas pelo sigilo da Justiça.>
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A chance de reconsideração, no entanto, é quase zero nesta fase. Como o governo tornou sem efeito o decreto de nomeação de Ramagem, a ação perdeu o objeto.>
Por causa da suspensão determinada por Moraes, Bolsonaro decidiu nomear um novo diretor-geral, Rolando de Souza, que tomou posse na segunda (4).>
"Assim, requer-se a reconsideração da decisão monocrática que impediu a nomeação e posse de Alexandre Ramagem, a fim de que o ato possa ser validamente renovado pelo sr. Presidente da República, no exercício constitucional, legítimo e democrático de suas prerrogativas", consta em trecho da peça enviada ao Supremo na terça.>
Amigo da família Bolsonaro, Ramagem foi citado por Sergio Moro quando se demitiu do ministério da Justiça. Segundo o ex-juiz federal, o presidente lhe pressionou para efetuar a troca do diretor-geral da PF sem motivo ou razão aceitável.>
Bolsonaro se manifestou e admitiu alguns dos pontos levantados por Moro.>
As acusações do ex-ministro provocaram a abertura de um inquérito no STF, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), sob relatoria de Celso de Mello.>
Paralelamente, o PDT entrou com uma ação alegando ter havido "abuso de poder por desvio de finalidade" com a nomeação do delegado para a PF.>
No dia 29 de abril, Moraes decidiu suspender a indicação, com base nas declarações do ex-ministro da Justiça e nas do presidente. No despacho, o magistrado nada fala sobre a amizade de Ramagem e Bolsonaro, mas diz que a polícia é um órgão de investigação.>
Nas informações prestadas ao STF, a Presidência faz a defesa do ato de nomeação do delegado.>
"A alegada intenção de interferência ilícita em investigações da PF requer demonstração material concreta, isto é, a indicação de atos diretivos e concatenados que não deixem dúvida acerca da abusiva intromissão", conta na peça apresentada a Moraes.>
"Não há quaisquer provas nos autos que contemplem alguma ordem presidencial voltada a manipular ou a fraudar investigação da Polícia Federal. Conversas extraídas de aplicativo, fazendo referências genéricas, não se revestem desse atributo. Ademais, é sabido que aplicativos dessa natureza são meios simplificados e informais de comunicação que, fora de contexto, podem ensejar interpretações dúbias. Essa característica dos "bate-papos" hodiernos, feitos em velocidade instantânea, prejudica seriamente a extração responsável de conclusões ou consequências jurídicas", acrescenta.>
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