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Bolsonaro ignora embate com TSE e discursa com segurança reforçada

Bolsonaro ignora embate com TSE e discursa com segurança reforçada

Na Baixada Fluminense, presidente diz que "virada já aconteceu" e chama Eduardo Paes, aliado de Lula, de "vagabundo"

Publicado em 27 de outubro de 2022 às 19:43

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SÃO JOÃO DE MERITI - O presidente Jair Bolsonaro (PL) discursou nesta quinta-feira (27) sob forte proteção de seus seguranças durante um ato em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Durante a sua fala, ele não repetiu os ataques ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Bolsonaro discursou por dez minutos envolto a todo momento por duas pastas antibalas, seguradas por agentes de segurança. Ele também usava o habitual colete a prova de balas.

O equipamento costuma acompanhar os agentes que fazem a segurança dos candidatos, mas só costuma ser usados em casos extremos. A pasta balística se assemelha a uma maleta de viagem. Ela pode ser aberta, ampliando a área protegida.

Não havia motivo aparente para o reforço na proteção. Antes de discursar, Bolsonaro circulou num carro de som pela Baixada Fluminense acompanhado de aliados sem os equipamentos.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) participa de ato de campanha no Rio
O presidente Jair Bolsonaro (PL) participa de ato de campanha no Rio  . (: Paulo Carneiro/Photo Press/Folhapress)

Bolsonaro atrasou por cerca de 1h30 para chegar ao local do comício, enquanto pessoas mais velhas passaram mal em razão do forte calor na praça da Matriz.

Em sua fala, Bolsonaro voltou a atacar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu rival no segundo turno da eleição presidencial, e defendeu seu mandato.

"Teremos uma das eleições mais importantes do nosso Brasil. Mais do que eleger um presidente, identificado com vocês, é o que nós queremos para o nosso Brasil. É a volta do passado e da corrupção, ou é a manutenção nesse rumo, da paz, do trabalho e da ordem e do progresso?", questionou.

Na fala de dez minutos, ele nem sequer mencionou as críticas ao TSE, que se intensificaram nesta última semana de campanha. Também não mencionou as acusações feitas de que as peças de sua campanha estão sendo boicotadas por rádios das regiões Norte e Nordeste.

O presidente discursou ao lado do governador reeleito Cláudio Castro (PL), do prefeito de São João de Meriti, Dr. João (PL), do deputado estadual Marcio Canella (União), reeleito como o mais votado do estado, e outros aliados.

Mais tarde, em Campo Grande, zona oeste do Rio, ele voltou a associar Lula ao comunismo e disse que o destino do país "é viver em liberdade". Após meses de discursos golpistas e ataques infundados ao sistema eleitoral, Bolsonaro afirmou que, depois do pleito, "tudo vai se normalizar em Brasília".

"Nossa destinação é viver em liberdade. De ir e vir, e de expressão também. Podem ter certeza, após a eleição, tudo se normalizará em Brasília", disse ele.

O presidente buscou mostrar confiança no discurso a apoiadores, e disse que "a virada já aconteceu" — em referência à derrota no primeiro turno. "A virada já aconteceu. Queremos agora consolidar a nossa vitória".

Também nesta quinta, Bolsonaro sugeriu que pretende receber a equipe do Flamengo no aeroporto, caso vença a final da Libertadores neste sábado (29), contra o Athlético-PR. O jogo será no Equador. O presidente costuma falar que torce para o Botafogo no Rio de Janeiro.

"No dia 29, no sábado, à tarde, vamos dar uma pausa porque todos nós seremos Flamengo. Vamos ganhar a Libertadores. E vamos receber o Flamengo no aeroporto do Rio de Janeiro. Vamos todos receber o Flamengo no sábado, no aeroporto do Galeão".

A ausência de ataques ao TSE chama a atenção por causa da elevação da temperatura política nos últimos dias. Os comícios no estado do Rio acontecem um dia após decisão do presidente do tribunal, ministro Alexandre de Moraes, que rejeitou a ação apresentada pela campanha do presidente sobre suposto boicote de rádios na veiculação da propaganda eleitoral.

A questão das inserções de rádio e televisão resultaram em uma mudança no roteiro de campanha do presidente, o que levantou dúvidas de que o chefe do Executivo poderia tomar alguma medida mais drástica. Bolsonaro seguiria de Minas Gerais direto para o Rio, mas decidiu ir para Brasília.

O presidente convocou uma reunião com os três comandantes militares, o ministro Paulo Sérgio Nogueira (Defesa) e outros integrantes do governo.

Após o encontro, realizou um pronunciamento no qual insistiu em acusações sem provas de supressão de seu material de propaganda e fez novos ataques a Moraes, argumentando que ele "matou no peito" a ação. Também disse que iria recorrer da decisão "até as últimas consequências", mas dentro das "quatro linhas da Constituição".

Em Campo Grande, Bolsonaro voltou a chamar Lula de ladrão e seu entorno de quadrilha, mote de campanha contra o adversário. Desta vez, porém, também dedicou tempo para atacar o prefeito da cidade, Eduardo Paes (PSD).

"Esse Eduardo Paes é um vagabundo, sem caráter. Como está cheio de processo por aí, está buscando uma escora junto ao ladrão para não ser condenado", disse o presidente.

Paes tem provocado aliados do presidente nas redes sociais a mencionar investimentos na cidade, alegando que nada foi feito pelo governo federal no Rio de Janeiro durante o mandato de Bolsonaro.

"Ele recebeu dinheiro do governo federal, encheu os cornos da prefeitura com dinheiro nosso. Esse vagabundo mal agradecido que fica mentindo por aí, dizendo que eu vou maltratar o trabalhador e o aposentado. Vagabundo e mentiroso. Vai ter o troco em 2024 [ano das eleições municipais em que Paes deve tentar a reeleição]."

Logo após o ato, Paes se manifestou nas redes sociais. Chamou o presidente de "desqualificado e incompetente", "rei da rachadinha", o criticou pelo apoio ao ex-prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) na eleição de 2020 e o provocou sobre o próximo pleito.

"Quem tem medo de processo é você, rei da rachadinha. Se prepara que sua hora vai chegar. Por isso o Rio vai te mandar de volta para casa. De preferência, já que você não gosta do Rio, nem volta a morar aqui", escreveu.

"Eu já te derrotei em 2020 e pode vir em 2024 que te derroto de novo. Se for você mesmo o candidato, depois de ter perdido a eleição, vai ser melhor ainda."

Ao lado do presidente, o governador Cláudio Castro defendeu o aliado das críticas do prefeito. Ele mencionou a assinatura do novo regime de recuperação fiscal e a criação do Auxílio Brasil.

"É uma ingratidão e covardia quem não votar em Bolsonaro. É muito mais que uma opção política. Ele é a única opção para esse estado e para o Brasil."

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