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Assessora de Marielle relata terror vivido durante ataque

Assessora de Marielle relata terror vivido durante ataque

Ela diz que sobreviveu graças a Marielle e que achou estar no meio de um confronto armado

Publicado em 19 de março de 2018 às 12:59

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Vereadora Marielle Franco . (Reprodução/Instagram)

O pânico dos instantes em que Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes foram executados, na última quarta-feira, foram descritos em detalhes neste domingo ao Fantástico, da TV Globo, pela assessora da vereadora, única sobrevivente do ataque. Ela reiterou que as duas olhavam o celular, no banco de trás do carro em que estavam, quando ouviu uma rajada forte e rápida, vinda de seu lado direito.

— Eu não acredito que eu estava ali. Eu não entendo como saí daquilo. Na verdade, a Marielle foi meio escudo. Sobrevivi por ela, graças a ela. Até nesse momento ela foi uma leoa, morrendo e sendo um escudo. Isso é muito emblemático. A Marielle é uma rainha guerreira. Era nossa rainha nagô — disse a assessora, que preferiu não mostrar seu rosto nem revelar o seu nome.

Nesse momento, ela diz que se abaixou imediatamente. E acreditou que Marielle também se esquivava também.

— Achei que ela estava abaixando junto comigo, com o susto. O vidro estourou. Na hora, pensei: “estou passando por um fogo cruzado". O Anderson estava calado. Ele não tinha feito qualquer movimento — relatou.

Àquela altura, Marielle e Anderson já não falavam nada. Os braços do motorista, então, caíram, enquanto o carro continuava andando devagar. Naquelas frações de segundos, com o rosto abaixado, a assessora conta que conseguiu colocar a marcha do veículo em ponto morto e puxar o freio de mão. Ao conseguir parar, ela saiu do carro rastejando e se escorou entre o carro e calçada, ainda com medo de estar no meio de um confronto.

— Fui percebendo que não tinha tiroteio. Andei abaixada para a parte de trás do carro e levantei minhas mãos sinalizando para os carros que estavam passando, gritando por socorro. Nesse momento chegou uma mulher, foi um anjo, me acalmou. Eu só queria ligar para o meu marido e para a ambulância — diz a assessora.

CHOQUE AO OLHAR AO REDOR

Ensanguentada, por um momento ela acreditou que Marielle e Anderson estivessem desmaiados. A vereadora, diz ela, estava estática, com a cabeça pendente. A percepção de que os dois estavam mortos e de que eles tinham sido vítimas de um atentado só ocorreu com a chegada da polícia:

— Foi no momento que a polícia chegou e notificou alguma central, olhando a cena e comunicando que eram dois mortos e uma sobrevivente. A coisa da sobrevivente me marcou muito. Por quê? Porque eu queria a Marielle viva. Porque eu queria o Anderson vivo. Porque sobreviver é uma coisa muito cruel. Por que eu preciso sobreviver? Que coisa horrenda é essa? Que violência é essa?

"ESTOU APAVORADA"

É o medo, agora, afirma a assessora e amiga de Marielle, que a persegue:

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— Estou apavorada, despedaçada. É um medo inconsciente e irracional. Medo dessa vida. Dessa cidade, desses criminosos. Como não ter medo?

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