O pânico dos instantes em que Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes foram executados, na última quarta-feira, foram descritos em detalhes neste domingo ao Fantástico, da TV Globo, pela assessora da vereadora, única sobrevivente do ataque. Ela reiterou que as duas olhavam o celular, no banco de trás do carro em que estavam, quando ouviu uma rajada forte e rápida, vinda de seu lado direito.
Eu não acredito que eu estava ali. Eu não entendo como saí daquilo. Na verdade, a Marielle foi meio escudo. Sobrevivi por ela, graças a ela. Até nesse momento ela foi uma leoa, morrendo e sendo um escudo. Isso é muito emblemático. A Marielle é uma rainha guerreira. Era nossa rainha nagô disse a assessora, que preferiu não mostrar seu rosto nem revelar o seu nome.
Nesse momento, ela diz que se abaixou imediatamente. E acreditou que Marielle também se esquivava também.
Achei que ela estava abaixando junto comigo, com o susto. O vidro estourou. Na hora, pensei: estou passando por um fogo cruzado". O Anderson estava calado. Ele não tinha feito qualquer movimento relatou.
Àquela altura, Marielle e Anderson já não falavam nada. Os braços do motorista, então, caíram, enquanto o carro continuava andando devagar. Naquelas frações de segundos, com o rosto abaixado, a assessora conta que conseguiu colocar a marcha do veículo em ponto morto e puxar o freio de mão. Ao conseguir parar, ela saiu do carro rastejando e se escorou entre o carro e calçada, ainda com medo de estar no meio de um confronto.
Fui percebendo que não tinha tiroteio. Andei abaixada para a parte de trás do carro e levantei minhas mãos sinalizando para os carros que estavam passando, gritando por socorro. Nesse momento chegou uma mulher, foi um anjo, me acalmou. Eu só queria ligar para o meu marido e para a ambulância diz a assessora.
CHOQUE AO OLHAR AO REDOR
Ensanguentada, por um momento ela acreditou que Marielle e Anderson estivessem desmaiados. A vereadora, diz ela, estava estática, com a cabeça pendente. A percepção de que os dois estavam mortos e de que eles tinham sido vítimas de um atentado só ocorreu com a chegada da polícia:
Foi no momento que a polícia chegou e notificou alguma central, olhando a cena e comunicando que eram dois mortos e uma sobrevivente. A coisa da sobrevivente me marcou muito. Por quê? Porque eu queria a Marielle viva. Porque eu queria o Anderson vivo. Porque sobreviver é uma coisa muito cruel. Por que eu preciso sobreviver? Que coisa horrenda é essa? Que violência é essa?
"ESTOU APAVORADA"
É o medo, agora, afirma a assessora e amiga de Marielle, que a persegue:
Estou apavorada, despedaçada. É um medo inconsciente e irracional. Medo dessa vida. Dessa cidade, desses criminosos. Como não ter medo?
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta