Publicado em 4 de agosto de 2020 às 16:07
O procurador-geral da República, Augusto Aras, negou nesta terça-feira (4) ser autor de ataques à Lava Jato e buscou a conciliação em novo encontro do CSMPF (Conselho Superior do Ministério Público Federal).>
Na semana passada, durante sessão do colegiado, Aras bateu boca com subprocuradores após ser cobrado pelas recentes críticas ao trabalho das forças-tarefas da Lava Jato. O conselho é a instância máxima deliberativa dentro da instituição.>
Aras disse que sempre tratou colegas da procuradoria com respeito e que quer evitar embates desnecessários.>
"Todos sempre tiveram de mim o tratamento mais respeitoso possível", afirmou. "Eu não posso dizer também que não tenha tido o tratamento mais respeitoso de todos, embora tenha algumas reservas no que toca a alguns assuntos.">
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No encontro do CSMPF da sexta-feira (31), quatro subprocuradores da República apresentaram uma carta aberta cobrando Aras pelos ataques que fez à Lava Jato durante uma conferência na internet promovida por um grupo de advogados.>
O chefe do MPF reagiu dizendo que suas declarações foram baseadas em provas e sugeriu que os autores da carta aberta em defesa da investigação estariam por trás de "fake news" plantadas contra ele e familiares na imprensa.>
Aras disse nesta terça que não partiu dele ataques à Lava Jato. Disse aos colegas que todos estão no mesmo barco. E depois trocou para avião. "Se esse avião afundar ou cair, todos nós caímos juntos. Os ataques à instituição já são muito fortes e não vêm da minha manifestação. Vêm das PECs que já estão postas e não foram postas por mim", afirmou.>
O procurador-geral não informou quais propostas de emenda à Constituição podem prejudicar o MPF. Ele disse também que as questões polêmicas seriam mitigadas se houvesse o costume de se fazer reuniões administrativas antes das sessões de julgamento do CSMPF.>
A carta aberta dos subprocuradores-gerais Nicolao Dino, Nívio de Freitas Silva Filho, José Adonis Callou de Sá e Luíza Cristina Frischeinsen foi lida durante a reunião do conselho que discutia a proposta orçamentária do próximo ano.>
Eles afirmaram no documento que um Ministério Público "desacreditado, instável e enfraquecido" atende aos interesses daqueles que se posicionam à margem da lei.>
Disseram também que dados relativos a investigações submetidos a cláusula de sigilo só podem ser compartilhados mediante autorização judicial, com devida motivação e se necessário para outra investigações.>
"A salvaguarda desse sigilo não se confunde com opacidade ou 'caixa-preta'", disseram. Aras defende o compartilhamento dos dados da Lava Jato com a PGR e usou o termo "caixa de segredos" para se referir à força-tarefa em Curitiba.>
Durante o recesso do Judiciário, ele conseguiu uma liminar do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, determinando o acesso.>
De volta ao trabalho nesta segunda-feira (3), o ministro Edson Fachin, derrubou a decisão de Toffoli. Os signatários da carta defenderam ainda que a independência funcional é um pilar estruturante do MPF, "essencial à sua atuação, sem receio de perseguições, observado, é claro, o regular funcionamento de seus canais de controle, coordenação e revisão".>
Para eles, o modelo de forças-tarefas pode e deve ser aprimorado, mas que esse aperfeiçoamento não passa pela deslegitimação de seus trabalhos ou pela desqualificação de seus membros.>
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