Em 1º de maio comemora-se o Dia Internacional do Trabalho, uma data que remonta à luta dos trabalhadores dos EUA, no ano de 1886, por melhores condições laborais e direitos como limitação da jornada diária e férias anuais. Entretanto, as demandas do trabalhador atual são muito diferentes.
Vivemos o ineditismo de ter várias gerações atuando no mercado de trabalho simultaneamente, todas com perspectivas e anseios diversos: os baby boomers (1945-1964), a geração X (nascidos entre 1965 e 1980), a geração Y ou millennial (entre 1981 e 1996) e a geração Z (entre 1997 e 2010).
Enquanto os millennials valorizam o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, abrindo mão de cargos mais altos na hierarquia para manter a rotina em equilíbrio, a geração Z busca atuar em empresas que compartilham valores alinhados aos seus, com forte senso de responsabilidade social. Já os baby boomers e a geração X são mais resilientes, com maior linearidade de atuação.
Ao mesmo tempo em que essa diversidade de pensamentos e comportamentos é um convite à pluralidade de visões, inovação e aprendizado, traz a complexidade na gestão de pessoas. Se, ainda no início deste século, a grande aspiração de um trabalhador do setor privado era ter sua carteira de trabalho assinada, um bom salário, uma bela mesa em um escritório e uma longa carreira na mesma empresa, atualmente, porém, é muito comum encontrarmos trabalhadores, especialmente os mais jovens, que não têm nenhum interesse nesses mesmos planos.
São profissionais que preferem a liberdade de conduzir suas próprias carreiras a estarem vinculados a um rígido contrato por prazo indeterminado, em que devem obedecer a ordens de terceiros por oito - ou mais - horas diárias. Em vez de garantir um salário mensal, preferem a liberdade de estipular o quanto querem receber e qual serviço desejam prestar, além de poderem assumir mais riscos para aumentar seus ganhos.
Pesquisa mundial realizada pela Deloitte mostra que as gerações Y e Z estão repensando o papel do trabalho e que o equilíbrio entre vida profissional e pessoal é decisivo ao escolher um novo empregador. São profissionais que preferem o trabalho híbrido e remoto, esperam que as organizações gerem impacto social positivo e buscam alinhamento de seus valores com os da empresa.

Esse cenário, inimaginável há poucos anos, desafia o compliance, que se vê às voltas com a tarefa de compatibilizar os objetivos das empresas e dos trabalhadores e a legislação vigente, especialmente no que tange aos requisitos do contrato de trabalho.
Para isso, é preciso acompanhar os movimentos dos tribunais, que ora se voltam para dar mais autonomia negocial aos trabalhadores, ora valorizam o garantismo legal, baseado na vulnerabilidade do trabalhador. Desafio ainda maior é conviver com a insegurança jurídica gerada pelos entendimentos opostos de tribunais, que, no mesmo intervalo de tempo, divergem sobre a interpretação das leis e sobre os fatos da vida real.
Por outro lado, o envolvimento das novas gerações com um ambiente de trabalho mais justo e equânime, em contraponto a posturas passadas caracterizadas por workaholics, metas inalcançáveis e assédio moral, é completamente aderente à pauta ESG, acrônimo para critérios ambientais, sociais e de governança, que busca a geração de valor compartilhado para todas as partes interessadas.
Empresas pautadas pelo ESG buscam promover uma cultura inclusiva, a partir de lideranças conscientes que promovam a diversidade, a equidade e a inclusão, ajam para mitigar as mazelas sociais e combater os riscos ambientais e cumpram seu papel de melhorar o cenário atual.
Impulsionado por gerações que valorizam - e cobram - esse comportamento, o mercado de trabalho está em plena transformação. Para atrair e reter talentos, não basta mais oferecer um pacote de benefícios. É necessário ser, a própria empresa, benéfica para a sociedade. Se nela confio, nela trabalho; esse é o lema atual.
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