Autor(a) Convidado(a)
É advogada e mestra em direitos e garantias fundamentais

Todas as famílias tradicionais brasileiras devem ser celebradas e respeitadas

Quantas famílias são constituídas por pessoas do mesmo sexo com ou sem filhos? Muitas. Mas o que se pretende, até com projeto de lei na Câmara dos Deputados, é tentar impedir que casais homoafetivos sejam considerados família pelo Estado

  • Renata Bravo É advogada e mestra em direitos e garantias fundamentais
Publicado em 08/12/2023 às 13h06
O Dia do Orgulho LGBTQIAPN+ é celebrado em 28 de junho
Bandeira do orgulho LGBTQIAPN+. Crédito: Freepik

Hoje é o Dia da Família e certamente nas redes sociais haverá uma centena de postagens com fotos da “família tradicional brasileira”. Eu poderia até dizer que as postagens se parecem com uma propaganda de margarina, mas eu seria leviana com as propagandas que têm cada vez mais se atentado às inúmeras diferenças da nossa sociedade.

É claro que nada tenho contra aquela família composta por um pai, uma mãe e filhos – inclusive até venho de uma dessa. Só que é necessário reafirmarmos que as aspas na família tradicional brasileira é para chamar atenção de que esse modelo não é o que representa única e exclusivamente a população brasileira.

Quantas famílias são constituídas por uma mãe e seus filhos, sem a existência física do pai ou até mesmo com total ausência na Certidão de Nascimento? Nesse caso, a gente tem até dados oficiais: são 500 registros por dia no Brasil sem a identificação da paternidade.

Quantas famílias são constituídas por duas mulheres e crianças, sem que elas tenham algum relacionamento amoroso? É o caso das famílias constituídas pela avó, pela mãe e pelas crianças. Isso não é uma família? Certamente é!

Quantas famílias são constituídas por pessoas do mesmo sexo com ou sem filhos? Muitas. Mas o que se pretende, até com projeto de lei na Câmara dos Deputados, é tentar impedir que casais homoafetivos sejam considerados família pelo Estado. Aos que dizem que isso é besteira, que não vai mudar nada, dizemos que os direitos nunca estão postos e ilesos a retrocessos, especialmente quando tratamos de direitos de pessoas LGBTQIA+.

Quando um retrocesso como esse é normalizado ou aceito sem luta, a aposta pode sempre ser dobrada e, quem sabe, pode surgir um projeto de lei para criminalizar as relações homoafetivas. Não é demais lembrar que na Rússia é criminalizada qualquer manifestação pública de pessoas LGBTQIA+. Trocando em miúdos: pode ser o que quiser, desde que no armário. Não é isso que cabe no Brasil.

Dar nomes e ressignificar termos e conceitos é fundamental para a luta por direitos. No dia de hoje, Dia da Família, que todas as famílias tradicionais brasileiras sejam celebradas e respeitadas.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

A Gazeta integra o

Saiba mais
LGBTQIA+ Casamento Homossexualidade Família

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.