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É presidente da OAB Espírito Santo

Sérgio Bermudes e o legado que moldou a advocacia brasileira

Ele combinou rigor técnico, cultura jurídica refinada e visão institucional em um modelo que se tornaria referência para gerações de advogados

  • Érica Neves É presidente da OAB Espírito Santo
Publicado em 31/10/2025 às 11h30

Há nomes que ultrapassam o tempo e se tornam parte da própria história das instituições. Sérgio Bermudes é um deles. Cachoeirense de nascimento e brasileiro por vocação, construiu uma trajetória que o inscreve entre os maiores juristas do país, deixando uma marca definitiva na advocacia, na academia e na cultura jurídica nacional.

Em 1969, ao fundar o escritório que leva seu nome, no Rio de Janeiro, Bermudes introduziu um novo paradigma de atuação profissional. Combinou rigor técnico, cultura jurídica refinada e visão institucional em um modelo que se tornaria referência para gerações de advogados. Sob sua liderança, a advocacia empresarial brasileira alcançou outro patamar de organização, excelência e responsabilidade.

Sérgio Bermudes enfrentava complicações decorrentes da Covid-19 desde 2020
Sérgio Bermudes enfrentava complicações decorrentes da Covid-19 desde 2020. Crédito: OAB-RJ/Divulgação

Sua atuação no contencioso cível e em causas de alta complexidade o consagrou como um dos mais respeitados advogados do país. Em cada processo, sua argumentação traduzia a serenidade de quem dominava o conhecimento e compreendia que o Direito é, antes de tudo, instrumento de equilíbrio social. Bermudes personificou o advogado que defende sem confrontar, que argumenta sem agredir e que convence pela solidez das ideias.

No magistério, exerceu influência duradoura. Como professor de Direito Processual Civil, inclusive na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), foi responsável por formar gerações de profissionais que herdaram não apenas seu conhecimento, mas sua compreensão de que o processo é a expressão prática da Justiça em movimento. Seu pensamento ajudou a consolidar uma leitura moderna, constitucional e garantista do Direito Processual brasileiro.

Além de um técnico brilhante, Bermudes foi um construtor de instituições. Participou ativamente da Ordem dos Advogados do Brasil, defendendo a autonomia da profissão e a centralidade da advocacia na preservação do Estado Democrático de Direito. Sua voz, serena e firme, sempre se fez ouvir em momentos decisivos da história jurídica do país.

O luto da advocacia brasileira é também uma afirmação de reconhecimento. Sérgio Bermudes representou o que há de mais elevado no exercício da profissão: competência aliada à ética, convicção sustentada pela razão e independência temperada pela responsabilidade.

Natural de Cachoeiro de Itapemirim, levou o nome do Espírito Santo às mais altas esferas da vida jurídica nacional. Seu legado transcende fronteiras e se perpetua na cultura institucional que ajudou a construir — uma advocacia mais técnica, mais ética e mais consciente de sua função essencial à Justiça e à democracia.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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