A luta contra o câncer de mama, que ganha destaque neste mês em razão da campanha Outubro Rosa, vai além do tratamento e da superação da doença. Envolve prevenção, diagnóstico precoce, acesso à informação, apoio emocional, sensibilidade por parte da equipe médica responsável pela paciente, e batalhas que nem sempre ganham visibilidade.
Na vida de muitas pacientes que precisam ser submetidas à mastectomia, que é a retirada (parcial ou total) das mamas como parte do tratamento, a trajetória também envolve a cirurgia de reconstrução mamária. Neste contexto, o procedimento não pode ser tratado como um luxo ou um mero procedimento estético — ele é parte essencial do tratamento oncológico e um direito que promove dignidade.
A perda da mama, além do impacto físico, pode representar um abalo profundo na imagem corporal e no senso de feminilidade. Para muitas, olhar-se no espelho após a mastectomia é enfrentar diariamente a lembrança de um processo doloroso, um corpo alterado, uma ferida ainda aberta — muitas vezes, mais emocional do que física.
A mastectomia, embora muitas vezes seja essencial para salvar vidas, representa uma mudança significativa. Por isso, a cirurgia de reconstrução mamária surge como um passo fundamental não apenas no processo de cura física, mas na reconstrução da identidade.
Esse procedimento, portanto, tem um papel terapêutico. Ajuda a cicatrizar não apenas o que foi cortado pelo bisturi, mas o que foi ferido pela doença: a autoestima, a confiança e a relação da mulher com seu próprio corpo. É uma etapa que, quando respeitada e garantida, devolve às pacientes algo que o câncer tentou tirar: o direito de se sentirem inteiras novamente.
No Brasil, a Justiça assegura que a reconstrução mamária seja oferecida pelo SUS e disponibilizada pelos planos de saúde. Garantir o acesso a esse benefício é reconhecer que o tratamento do câncer não termina com a cura da doença, mas que se completa quando a mulher tem a chance de reconstruir sua autoestima.
Vale lembrar, portanto, que a luta contra o câncer de mama deve ir para além do diagnóstico precoce. É preciso garantir a todas as pacientes um tratamento integral e humano, que inclua corpo, mente e alma.
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Cada mama reconstruída é também um pedaço de dignidade restaurada. E nenhuma mulher deve ser privada disso.
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