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É associado III do Instituto Líderes do Amanhã

Quando empregado e empregador têm poder de decisão, todos ganham

Empresas estão mantendo postos de trabalho, trabalhadores estão conseguindo ter renda (mesmo que de forma reduzida) e negócios estão sendo salvos por haver flexibilizações

  • Lippe Fardin Borgo É associado III do Instituto Líderes do Amanhã
Publicado em 10/08/2021 às 14h00
Carteira de trabalho digital.
Carteira de trabalho digital: concessão de poder a empregados e empregadores é benéfica a ambos. Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

No início de 2020, com o intuito de reduzir as externalidades negativas da pandemia, o governo federal lançou a Medida Provisória 927, que estabelece algumas flexibilizações no contrato de trabalho. Segundo o governo, essa medida tem por objetivo a preservação de empregos e renda dos trabalhadores, mitigando assim o risco financeiro durante a pandemia.

Como exemplo e de forma bem sucinta, a MP prevê a liberação do teletrabalho ou trabalho remoto, sem que haja alteração contratual, antecipação de férias individuais e concessão de férias coletivas, aproveitamento do banco de horas, suspensão temporária do contrato de trabalho sem intervenção de terceiros, recolhimento do FGTS (dinheiro que é do trabalhador), entre outras.

Olhando todas essas medidas, pude reparar um ponto comum entre elas. Todas elas concedem poder às partes (empregado e empregador) para tomarem suas decisões sobre o contrato firmado. Todas garantem maior liberdade para ambas as partes decidirem o que deve ser acordado e o que não deve. Em suma, o governo deu mais liberdade para que, sem a interferência de terceiros, o empregado e o empregador possam firmar seus contratos. E, de novo, tudo isso para preservação de empregos e renda.

Curiosamente essas disposições vão de encontro a todas as demais leis e normas adotadas com o intuito de proteger o trabalhador. Normas como não poder realizar suspensão do contrato, não reduzir o salário ao ponto que fique abaixo do piso estabelecido pelo sindicato, não contratar e pagar de acordo com horas trabalhadas, entre outras, foram criadas com a premissa de que protegeriam e preservariam o trabalhador.

Mas é exatamente o contrário que foi feito e que está demonstrando ser uma excelente atitude. Empresas estão mantendo postos de trabalho, trabalhadores estão conseguindo ter renda (mesmo que de forma reduzida) e negócios estão sendo salvos por haver essas flexibilizações.

Contradições como as expostas acima me fazem questionar: será que esse não deveria ser o estado normal das relações de trabalho? A liberdade não está cumprindo seu papel, por mais paradoxal que seja, de proteger e preservar o trabalhador?

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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