Muitas vezes, quando uma criança apresenta comportamentos desafiadores, os adultos ao redor acreditam que se trata apenas de uma “birrinha” passageira. No entanto, em alguns casos, esses sinais podem indicar a presença de um transtorno que a família desconhece: o Transtorno Opositivo-Desafiador (TOD). Saber diferenciar quando é apenas uma reação típica da infância e quando pode ser algo mais sério é essencial para oferecer à criança o cuidado correto.
A birra é um comportamento IMATURO esperado em crianças pequenas, ocorre por volta de 1 a 4 anos de idade, sendo mais comum em torno dos 2 anos, fase em que elas ainda estão aprendendo a lidar com as próprias emoções. Ela surge diante de frustrações, cansaço, fome ou desejo não atendido.
A criança pode chorar, gritar, se jogar no chão e recusar momentaneamente pedidos simples. Apesar da intensidade, esses episódios são passageiros, costumam durar poucos minutos e tendem a desaparecer quando a criança se acalma, muda de ambiente ou recebe acolhimento aliado a limites claros. Fora desses momentos, o comportamento é adequado para a idade e não interfere de forma significativa na vida familiar ou escolar.
O TOD, por outro lado, é um transtorno psiquiátrico caracterizado por um padrão persistente de comportamento negativista, desafiador e hostil em relação a figuras de autoridade. Não é uma fase passageira, e sim uma condição recorrente que se manifesta por, no mínimo, seis meses e causa prejuízos reais no convívio social, familiar e escolar.
Crianças e adolescentes com TOD apresentam irritabilidade e raiva frequentes, discutem constantemente com adultos, recusam-se a seguir regras na maior parte do tempo, provocam pessoas de propósito, culpam os outros pelos próprios erros e mantêm esse padrão em diferentes contextos, não apenas em casa.
A diferença primordial está na constância e no impacto: a birra é pontual e própria do desenvolvimento infantil, enquanto o TOD é duradouro e prejudica o funcionamento diário. Para identificar, é preciso observar se o comportamento ocorre apenas em situações específicas ou se é parte de um padrão repetitivo que afeta seriamente as relações.
Quando existe dúvida, a orientação é procurar o médico psiquiatra. O diagnóstico precoce permite iniciar estratégias adequadas, que podem envolver orientação aos pais, intervenções psicológicas e, em alguns casos, outros tratamentos complementares. Entender essa diferença ajuda a evitar rótulos equivocados e garante que a criança receba o suporte certo, na hora certa.
Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.