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É especialista em gestão de organizações

Qual é o limite entre o trabalho que dignifica e o trabalho que adoece?

O excesso de trabalho não é necessariamente sinônimo de produtividade e resultado. Pelo contrário, ele geralmente prejudica a criatividade e o raciocínio e provoca exaustão, insatisfação e esgotamento

  • Jean Paul Villacís Guerra É especialista em gestão de organizações
Publicado em 20/07/2022 às 15h40

O trabalho move a economia. Empresas de todos e quaisquer segmentos dependem de mão de obra para que consigam desenvolver seus processos produtivos e alcançar seus objetivos. Trabalhadores, por sua vez, transformam conhecimento, habilidade e esforço em serviço, em troca de uma remuneração que lhes garanta a sobrevivência e, muito mais que isso, satisfação, reconhecimento e dignidade.

Qual é, entretanto, o limite entre o trabalho que dignifica o homem e o trabalho que o faz adoecer?

No ritmo acelerado em que vivemos hoje, de muitas cobranças, em que ninguém tem tempo a perder e todos só pensam no que têm a ganhar, parece lógico que “quanto mais, melhor”, inclusive no ambiente profissional.

O excesso de trabalho, porém, não é, necessariamente, sinônimo de produtividade e resultado. Pelo contrário, ele geralmente prejudica a criatividade e o raciocínio e provoca exaustão, insatisfação e esgotamento, que refletem em prejuízos à saúde física e à saúde mental do trabalhador.

Logo, esse passa a ser não somente um problema individual, mas, também, um problema organizacional. Pessoas e empresas precisam desglamourizar o excesso de trabalho, caso não queiram enfrentar problemas como adoecimento, afastamento e prejuízos.

Ansiedade, depressão e pânico estão entre os transtornos que podem se desenvolver em decorrência das más condições laborais, mas é a Síndrome de Burnout que está diretamente ligada a isso. Caracterizada pelo cansaço excessivo e pelo estresse prolongado relacionados ao ambiente de trabalho, ela é chamada também de Síndrome do Esgotamento Profissional e costuma se desenvolver de forma gradual. O trabalhador chega ao limite físico e emocional, apresentando sintomas como dores de cabeça e musculares, baixa imunidade, irritabilidade, falta de concentração, baixa autoestima e desmotivação.

Desde janeiro deste ano, esse transtorno é equiparado a um acidente de trabalho. Isso porque a Organização Mundial da Saúde passou a reconhecê-lo como doença ocupacional ou “estresse crônico de trabalho que não foi administrado com sucesso”. Uma conquista para os funcionários, que nesses casos passam a ser amparados por direitos trabalhistas, e um avanço para que as empresas direcionem o olhar para a prevenção, com ações que ataquem a raiz do problema.

A conscientização é um dos primeiros passos para iniciar o enfrentamento. Organizações e colaboradores precisam ter noção de que trabalhar demais não é garantia de se obter o melhor resultado. Foco e condições adequadas são muito mais efetivos do que a sobrecarga.

Com a consciência disso, é preciso investir na relação entre ambos.

As empresas precisam se aproximar dos funcionários, promovendo, antes de tudo, um ambiente de bem-estar, com cooperação, diálogo e entendimento, para evitar que o problema se instale. Em casos de diagnóstico do transtorno, o acolhimento, sem julgamento, é o caminho mais assertivo. Isso gera reconhecimento não só do profissional afetado, mas, sim, de toda a equipe, que se sente valorizada e pertencente a uma organização que se preocupa com pessoas, para além dos resultados.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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