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É jornalista, pós-graduada em Comunicação e Marketing Digital e mestranda em Ciências Políticas na Universidade Beira do Interior, em Portugal

Qual a tara de Bolsonaro em continuar negando a vacina?

No fim, qual será o interesse do presidente, em pleno 2022, continuar sustentando o negacionismo? Quais outras crises ele pode criar para dificultar o diálogo em ano eleitoral?

  • Nadine Silva Alves É jornalista, pós-graduada em Comunicação e Marketing Digital e mestranda em Ciências Políticas na Universidade Beira do Interior, em Portugal
Publicado em 11/01/2022 às 15h10
Presidente Jair Bolsonaro pediu, em sua live semanal, para apoiadores darem
Bolsonaro em uma de suas lives de quinta. Crédito: Reprodução/Facebook

A preocupação de Bolsonaro é alimentar e manter a sua base de apoio. Segundo pesquisa do Instituto Datafolha, aproximadamente 22% da população apoia e é fiel a suas ideias, mesmo elas sendo firmadas em mentiras e teorias conspiratórias

De acordo com dados obtidos pelo Consórcio de Notícias, 64,5% da população brasileira está com o esquema vacinal contra a Covid-19 completo, e 13,4% já receberam a dose de reforço. No Espírito Santo, as taxas são de 68,5% e 19,2%.

Durante a live semanal do presidente Jair Messias Bolsonaro (Partido Liberal), feita na quinta-feira (6), ele declarou não entender o motivo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberar a imunização para as crianças de 5 a 11 anos - e completou: “Qual o interesse das pessoas taradas por vacina?".

Além disso, o chefe do Executivo disse não conhecer casos de crianças vítimas da Covid-19, ignorando os dados do próprio Ministério da Saúde, em que desde o início da pandemia, houve 308 mortes de crianças de 5 a 11 anos.

No dia 16 de dezembro de 2021 a Anvisa autorizou a vacinação, com doses do imunizante da empresa Pfizer, para a faixa etária. O estudo, aprovado por técnicos do órgão, foi enviado ao Ministério da Saúde para aval, compra e distribuição das doses. Lá, o documento ficou parado, em meio a falas polêmicas do ministro Marcelo Queiroga e do presidente.

A preocupação de Bolsonaro é alimentar e manter a sua base de apoio. Quando ele ataca a ciência, os estudos e a eficácia da vacina, busca comunicar para sua base, aquela pode levá-lo para o segundo turno, mesmo que custe vidas.

A preocupação de Bolsonaro não é com o Brasil presente. Mas sim com as eleições de outubro. Ele precisa manter e aumentar esse percentual para ter chances de ir para o 2º turno com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, lembrando, ainda não confirmou se virá ou não como candidato (o prazo é em março).

Bolsonaro sabe que sua briga por votos não é com Lula no primeiro turno, e sim com os possíveis presidenciáveis que correm paralelamente. Esses buscam emplacar a chamada terceira via, como por exemplo o ex-juiz e ex-ministro, Sergio Moro e o antigo apoiador, conhecido como "bolso dória", e governador de São Paulo, João Doria.

Ao questionar a necessidade da vacina para a população infantil, Bolsonaro ignora a vida humana, coisa que tem feito desde o início da pandemia e reafirma o seu projeto político, de causar polarizações e crises.

Garantir a vacinação para os pequenos, de 5 a 11 anos, é permitir que essas crianças não tenham a vida interrompida por uma doença que já tem tratamento. É garantir que as aulas presenciais continuem. Falam que as crianças são o futuro da nação, ao negá-las a vacina, Bolsonaro reafirma mais uma vez que ele nunca se preocupou com o Brasil do presente e nem do futuro.

Na verdade, a tara não é de quem defende a vacina, e sim quem insiste em difundir mentiras e dificultar a imunização. No fim, qual será o interesse do Bolsonaro, em pleno 2022, continuar sustentando o negacionismo? Quais outras crises ele pode criar para dificultar o diálogo em ano eleitoral?

Por fim, apesar das repetidas investidas do presidente em dificultar o avanço da imunização no Brasil, a expectativa é que as doses sejam distribuídas para os municípios no próximo dia 14 de janeiro e mais de 1 milhão de crianças sejam imunizadas.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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