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É diretor geral da Escola Monteiro

Quadras esportivas, velas ao vento e educação

Será que o esporte não teria mais a oferecer à nossa sociedade tão carente e desigual em tantos aspectos, entre eles o educacional?

  • Eduardo Costa Gomes É diretor geral da Escola Monteiro
Publicado em 06/12/2025 às 10h00

A comoção que marca a relação entre o futebol e o povo brasileiro nos rendeu fama e prestígio pelo mundo afora. Somos, como definiu Nelson Rodrigues em um livro sobre o assunto, a “pátria de chuteiras”; temos o Rei do Futebol; e é quase impossível falar do Brasil para um estrangeiro sem ouvir em seguida as palavras futebol, Pelé, Garrincha, Neymar, Ronaldo, entre tantos outros.

Nos últimos dias, em tempos de finais de campeonato, vemos a mobilização e a euforia ganhar as redes, as ruas, as empresas e as escolas.

Mas fica a pergunta: será que o esporte não teria mais a oferecer à nossa sociedade tão carente e desigual em tantos aspectos, entre eles o educacional? Como gestor na área da Educação e praticante de windsurf — sim, a prática esportiva vai muito além dos campos e das quadras —, tenho certeza que sim. E há todo um movimento nesse sentido, ainda que aquém do potencial que o esporte oferece do ponto de vista da formação dos indivíduos.

O repórter Caio Vasconcelos praticou windsurf, na Praia do Canto, em Vitória
Prática de windsurf, na Praia do Canto, em Vitória. Crédito: Ricardo Medeiros/A Gazeta

É no dia a dia da escola que experimentamos na prática os benefícios que o esporte pode trazer, levando em conta inclusive a formação baseada no desenvolvimento de habilidades e competências que é pilar da Lei de Diretrizes e Bases da Educação no Brasil.

Atributos como consciência de si — incluindo limites físicos e emocionais — capacidade de trabalhar em equipe; liderança, criatividade, autonomia, disciplina, escuta e a habilidade de lidar com o perde-ganha que é uma competição esportiva, numa boa metáfora para a vida, são apenas alguns dos ganhos que vemos aflorar no dia a dia dos recreios, nas escolinhas, nas olimpíadas escolares, nos torneios entre as instituições de ensino.

E, não por coincidência, essas também são algumas das soft skills — termo em inglês que fala sobre habilidades comportamentais e interpessoais — cada vez mais valorizadas, reconhecidas e procuradas nos profissionais dos novos tempos.

Ou seja, não é mais suficiente — se que é algum dia já foi — ser tecnicamente bom, ter cursos em instituições renomadas e um currículo de várias páginas, se não sei me relacionar; se não sou adaptável em um mundo cuja premissa básica é a transformação; se não correlaciono ideias e não consigo aplicá-las, por exemplo, na resolução de problemas e como uma complementaridade ao que o outro também traz consigo.

Ou seja, esporte é um excelente mestre para fornecer esses ensinamentos. Mesmo naquelas modalidades tidas como “individuais”, como é o caso do windsurf, aprende-se muito sobre estar inserido, sobre se superar e sobre respeitar e aprender com o outro — seja ele um outro atleta, seja o próprio mar ou seja o vento. A natureza, tal como o esporte, é uma excelente professora.

Por isso, tanto como estar no mar, é gratificante ver as quadras das escolas cheias; ver famílias inteiras na torcida; ver tanta gente mobilizada em torno de um projeto saudável e educativo; percebendo, na prática, que talento, força de vontade e disciplina podem — e devem — andar juntos. Não há gol mais bonito do que formar indivíduos preparados, plenos e felizes. E não há melhor tempo do que aquele utilizado com aquilo que a gente de fato ama e acredita.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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