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É gerente de Bovinocultura e Assistência Técnica da Nater Coop

Produtor de leite no ES: como construir um futuro mais promissor?

O produtor não tem como controlar o mercado do leite, que está saindo de um ciclo ruim de precificação. O que lhe cabe é fortalecer a gestão, planejar a alimentação e a reprodução do gado, cuidar da saúde do plantel

  • Filipe Ton Fialho É gerente de Bovinocultura e Assistência Técnica da Nater Coop
Publicado em 05/04/2024 às 15h22

O futuro da pecuária leiteira passa pelo planejamento combinado com boas práticas de gestão. No Espírito Santo, produtores associados a cooperativas vêm recebendo apoio e orientação técnica que contribuem para a obtenção de resultados diferenciados, mesmo diante dos desafios do mercado, orientados por uma abordagem colaborativa, focada na inovação e na sustentabilidade.

É o caso dos que participam do programa Leite Certo, que há 14 anos vem sendo desenvolvido pela maior cooperativa do agronegócio capixaba, a maioria pequenos e médios produtores. Eles recebem orientação abordando desde a gestão zootécnica e financeira até questões relacionadas à qualidade do leite e à saúde do rebanho.

Os resultados são palpáveis e indicam que, com o manejo e gestão adequados, a atividade pode garantir bons resultados. Produtores que aderiram ao programa testemunham não apenas o aumento na produtividade leiteira, mas também a melhoria na gestão geral de suas propriedades. Isso se reflete também na resiliência demonstrada diante de desafios sazonais, como a estiagem, e na capacidade de adaptação às demandas do mercado.

Um exemplo importante nessa linha é a produção de silagem via cooperativa. Iniciada no ano passado, a iniciativa contribuiu para que os produtores que receberam o volumoso para complementar a alimentação do gado ampliassem a produtividade de leite em 21% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O bom desempenho da pecuária leiteira é resultado da combinação da boa nutrição com a boa gestão e planejamento. Os pecuaristas que participam do grupo que recebe assistência técnica da cooperativa têm uma curva de produção inversa à dos demais. Eles se preparam para o período de estiagem, planejam os períodos de gestação das vacas, enfim, fazem a gestão da propriedade buscando obter resultados positivos.

É importante ressaltar as parcerias que buscam inovar no segmento. A colaboração com startups para identificar problemas de saúde nas vacas, como a mastite, exemplifica o potencial de inovação que permeia o setor, contribuindo para fortalecer a pecuária leiteira entre os pecuaristas cooperados.

Silagem
Durante a estiagem, as vacas produzem menos leite devido a menor oferta de pasto. Crédito: Ricardo Medeiros

O produtor não tem como controlar o mercado do leite, que está saindo de um ciclo ruim de precificação. O que lhe cabe é fortalecer a gestão, planejar a alimentação e a reprodução do gado, cuidar da saúde do plantel, enfim, criar condições que favoreçam a produtividade. Nesse contexto, o apoio de uma cooperativa organizada tem contribuído para orientar os produtores associados e oferecer soluções.

No futuro, é provável que tenhamos menos produtores de leite, mas quem permanecer na atividade certamente vai contar com bons índices de produtividade leiteira, o que é reflexo da profissionalização da gestão. É reconfortante ver iniciativas locais prosperarem e servirem como farol de esperança para toda a cadeia leiteira.

Com uma abordagem colaborativa, foco na inovação e compromisso com a sustentabilidade, os pequenos produtores estão moldando um futuro mais promissor para a pecuária leiteira no Espírito Santo.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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