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É mestre em Comunicação e diretora-executiva da Ágora Marketing Digital e Performance

Precisamos nos preocupar com compartilhamento de dados do WhatsApp?

Usuário se beneficia da gratuitade da rede e, em troca, cede informações para a plataforma, o que parece justo. Se alguém busca uma vida privada, as redes sociais definidamente não são o melhor ambiente

  • Rafaela Andrade É mestre em Comunicação e diretora-executiva da Ágora Marketing Digital e Performance
Publicado em 30/07/2021 às 14h00
Candidatos já começaram a enviar mensagens em listas de transmissão
Dados do WhatsApp agora têm compartilhamento obrigatório com o Facebook. Crédito: Pixabay

WhatsApp, o aplicativo mais popular do país, anunciou o compartilhamento obrigatório de dados com o Facebook para quem quiser continuar usando a rede. Na verdade, a novidade é a obrigatoriedade, uma vez que os dados já são compartilhados desde 2016, mas simplesmente agora não poderemos mais optar por não compartilhar.

Agora ou você está dentro, compartilhando dados, ou está fora. Ficar significa aceitar os novos termos e políticas de privacidade. Quem não quiser participar, tem o caminho de apagar o aplicativo.

Mas, afinal, para que serve o compartilhamento dos dados? Segundo a plataforma, “o objetivo da medida é fornecer, melhorar, entender, personalizar, oferecer suporte e anunciar os serviços". Também há informações a respeito do lançamento de um novo serviço pelo Facebook para gerenciar conversas de empresas com consumidores pelo WhatsApp.

Trocando em miúdos, é uma troca clara: você se beneficia do uso gratuito da rede e em troca compartilha dados para aprimoramento com objetivos de uso comercial. Para mim parece justo.

E como fica a nossa privacidade? Volto a lembrar que pouca coisa muda de fato na nova política de privacidade, já que os dados já são compartilhados e o WhatsApp garante (vamos ficar ligados aqui!) que as mensagens privadas continuarão sendo criptografadas, portanto a plataforma não tem acesso às conversas pessoais. 

Além disso, rede social não é ambiente para quem busca privacidade. Vamos combinar que o princípio das redes sociais é justamente socializar, tornar pública nossa vida e é exatamente o que fazemos. Estar em exposição é a base da convivência nas redes. Ou seja, se você busca uma vida privada, as redes sociais definidamente não são o melhor ambiente.

Segundo a própria plataforma, os dados compartilhados são informações de registro, como o número de telefone; endereço de IP; informações sobre o dispositivo utilizado (modelo, nível da bateria, força do sinal, versão do aplicativo, navegador, rede móvel); dados de transações e pagamentos; informações sobre como você interage com outros, incluindo empresas (o tempo, a frequência e a duração de suas atividades e interações, nunca o conteúdo); relatórios e registros de desempenho.

O objetivo é usar os dados para aprimorar alguns serviços como infraestrutura e entrega, promover mais segurança em transações comerciais de compra e venda, melhorar a experiência do usuário ente outros.

Será que as pessoas vão deixar de usar o WhatsApp?! Muito se tem falado sobre a adesão vertiginosa dos aplicativos Telegram e Signal desde o anúncio das mudanças de privacidade. Porém, quando paramos para observar nossas práticas cotidianas de exposição digital, registros públicos da nossa vida privada nas redes, migração exponencial para o mobile, tudo isso acentuado pela pandemia, parece-me um caminho sem volta. Quem está de fato disposto a abrir mão da velocidade, praticidade, comodidade e pertencimento que o aplicativo nos proporciona?

Obviamente a privacidade e segurança de dados não pode ser menosprezada, trazendo à tona a necessidade de novas regras como a recém-chegada Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Fato é que a reposta sobre aceitar ou não as novas regras de privacidade do WhatsApp levanta questões muito mais sobre nossos comportamentos e hábitos do que propriamente permissões de uso de dados em aplicativos. Por outro lado, convido a todos olhar sob um outro ponto de vista: tudo à mostra, completamente público, também não nos proporciona mais congruência e transparência? Será que no futuro não haverá mais lugar para esconder os cadáveres?!

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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