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É diretor-geral da Findes

Por que precisamos falar de diversidade nas empresas?

Tornar o ambiente corporativo amigável a discussões sobre diversidade, inclusão, preconceito e outros assuntos enriquece o debate e abre horizontes para novas visões, o que é ótimo para a inovação e a lucratividade

  • Paulo Lacerda É diretor-geral da Findes
Publicado em 11/08/2022 às 13h51

Como líderes e gestores precisamos abrir mais espaços permanentes nas empresas para falarmos sobre temas sensíveis, a exemplo da pluralidade das equipes nos diferentes níveis hierárquicos. Precisamos preparar o ambiente corporativo para a chegada da diversidade e da inclusão.

Primeiro por meio de conversas e, depois, através da prática, como ao selecionar e promover profissionais, principalmente entre cargos de liderança. Mas você deve estar se perguntando por que isso é importante?

O antropólogo especializado em consumo e comportamento Michel Alcoforado, que estuda o impacto do tema nas organizações, traz uma resposta para a questão: “Precisamos ter mais gente na liderança preocupada com este tipo de assunto. Quando agimos no mundo, devemos agir para contar uma história nova, para transformar. E transformar é incluir, é trazer gente nova para dentro”.

Eu complementaria o “trazer para dentro” com “e levar para cima”. Precisamos captar públicos diversos, mas não apenas trazê-los como também promovê-los para cargos de liderança onde eles compartilhem seus olhares, sotaques, experiências e histórias inspiradoras para o processo decisório da empresa.

Um estudo da consultoria global McKinsey chamado “A diversidade como Alavanca de Performance”, baseado no relatório Why diversity matters (Por que a diversidade é importante?), pesquisou mais de mil empresas de 12 países e avaliou os impactos da diversidade na liderança e na lucratividade, além do motivo primário comum da consciência social.

O estudo mostrou que as vantagens da inclusão e da diversidade para as empresas são cada vez mais claras e mensuráveis. Companhias com uma maior diversidade de gênero na liderança tiveram uma lucratividade 23% maior, enquanto as que tinham maior diversidade étnica e cultural na liderança tiveram uma lucratividade 33% maior.

Carlos Humberto, CEO da Diáspora Black e uma das lideranças do país a debater o tema, faz uma observação importante quando diz que “se a inovação representa aquilo que resolve um problema de muitas pessoas, a maior inovação não é a tecnologia, mas sim a diversidade que construiu soluções inovadoras para uma maior pluralidade de pessoas”.

Discutir e internalizar a diversidade é um assunto sensível, delicado e importante e, por isso, precisamos achar o caminho certo para trabalhar o tema dentro das nossas empresas. Se não tivermos a intenção, a diversidade não vai acontecer naturalmente.

Um programa de diversidade precisa conversar com a cultura da empresa para que ele seja bem sucedido. Digo isso porque cultura se muda aos poucos e de maneira consistente.

O próprio estudo da McKinsey aponta que o progresso das iniciativas de diversificação tem sido lento e as empresas ainda se mostram hesitantes sobre o modo mais eficaz de utilizar diversidade e inclusão para favorecer suas metas de crescimento e de criação de valor.

Mas, mesmo que poucas, já vemos iniciativas no Espírito Santo e no Brasil para transformar essa realidade. A última edição do Congresso Brasileiro de Inovação na Indústria, realizada em março deste ano pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), teve painéis para apresentação de tendências e um deles foi “Diversidade e Inclusão como motores da inovação”.

Aqui na Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), por meio de um programa organizado que chamamos de Findes Mais, temos criado espaços para discutir diversidade, inclusão e outros temas.

A Findes quer ser instrumento para mobilizar a diversidade dentro da indústria. Fazendo mudanças dentro da organização, seremos meio de fomentar essa transformação cultural nas empresas capixabas.

Em julho comemoramos 64 anos de Federação, uma história e uma reputação importantes e repleta de entregas relevantes para a sociedade capixaba.

Para aprofundar essa contribuição, diretamente conectada ao nosso propósito de “transformar vidas e impulsionar negócios para desenvolver o Espírito Santo”, queremos estimular permanentemente essas discussões e aprender com elas, incentivando que outras empresas também se aprofundem no tema para crescermos juntos como uma sociedade diversa e plural que já somos.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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