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É cirurgião e nutrólogo

Por dentro do lipedema: condição vai além da obesidade

Revelação de Yasmin Brunet causou um pouco de confusão entre alguns espectadores, afinal, ela é uma modelo com corpo escultural, dentro do padrão, considerada muito bonita e não é obesa

  • Roger Bongestab É cirurgião e nutrólogo
Publicado em 23/03/2024 às 10h00

Recentemente, a modelo e empresária Yasmin Brunet, de 36 anos, revelou durante participação em um reality show que sofre com lipedema, uma condição que causa, entre outros sintomas, inchaço e desconforto em partes do corpo, principalmente nos membros inferiores.

A revelação de Yasmin causou um pouco de confusão entre alguns espectadores, afinal, ela é uma modelo com corpo escultural, dentro do padrão, considerada muito bonita e não é obesa. Como poderia ter lipedema?

Essa condição não é sinônimo de obesidade, mas pode levar a uma distribuição anormal de gordura no corpo. É uma doença crônica do tecido adiposo e afeta principalmente as mulheres. O acúmulo anormal de gordura principalmente nas pernas, quadris e nádegas pode aparecer também nos braços. Esses “focos” de gordura acabam criando uma aparência desproporcional no corpo.

Muitas pessoas com essa condição experimentam dor, sensibilidade ao toque, inchaço e hematomas frequentes nas áreas afetadas. Além disso, o lipedema pode ter um impacto emocional profundo, afetando a autoestima e a qualidade de vida das pessoas afetadas. Durante o reality show, Yasmin Brunet disse que “nunca tinha se sentido tão desconfortável no próprio corpo”.

Outro fator que deve ser levado em conta é que pessoas com celulite não têm, necessariamente, lipedema. Muitos podem se confundir porque quem tem a doença acaba apresentando alterações na textura da pele, que pode ficar irregular, nodular ou com aspecto de casca de laranja. Apenas a soma de todos os sintomas, ou a combinação deles, além do exame com um médico especialista, pode indicar o diagnóstico do lipedema.

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Yasmin Brunet . Crédito: Reprodução/Globoplay

Mesmo sendo um problema ligado ao tecido adiposo, o lipedema não se resolve apenas com dieta equilibrada e exercícios. Muitas vezes são necessárias terapias mais específicas, como drenagem linfática manual, uso de roupas de compressão e, em casos mais graves, cirurgia. Os casos cirúrgicos geralmente são aqueles que não respondem aos demais tratamentos, e a paciente então é submetida à lipoaspiração. É importante frisar que todos esses tratamentos não curam o lipedema, mas aliviam os sintomas.

As causas exatas do lipedema ainda não são totalmente compreendidas, mas acredita-se que fatores genéticos e hormonais têm papel significativo no desenvolvimento da condição. Fatores como a gravidez, a puberdade e a menopausa podem desencadear ou exacerbar os sintomas.

A condição também está associada a distúrbios do sistema linfático e circulatório. Além disso, há casos na literatura médica em que a doença foi engatilhada por fatores externos, como lesões traumáticas ou cirurgias nas áreas afetadas. Porém, esses fatores são considerados menos significativos em comparação com os fatores genéticos e hormonais.

Infelizmente, o lipedema é frequentemente subdiagnosticado ou diagnosticado erroneamente como obesidade, o que pode levar a um manejo inadequado da condição. É crucial que os profissionais de saúde estejam cientes do lipedema e possam fazer um diagnóstico preciso, a fim de fornecer o tratamento adequado.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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