Um corpo com excesso de peso pode sinalizar que algo na saúde não vai bem, e muitas são as complicações que podem ser desencadeadas por essa condição. O problema acarreta prejuízos físicos e emocionais, afetando diretamente a autoestima e a relação com a própria imagem.
A partir de um diagnóstico, portanto, aplicam-se os tratamentos disponíveis para combater essa condição. O problema se torna mais complexo quando esse acúmulo de gordura não é obesidade, como muitos pensam, mas uma doença pouco conhecida e, por isso, não recebe o tratamento e atenção adequados.
É o caso do lipedema, uma condição que tem a ver com fator genético e disfunção hormonal que afeta principalmente as mulheres, caracterizada pelo acúmulo de gordura em regiões específicas do corpo, como pernas e braços. A enfermidade atinge uma a cada 10 mulheres em todo o mundo.
Nesses casos, o excesso de gordura é desproporcional e traz aparência disforme e desproporcional. A paciente pode apresentar um corpo da cintura para cima, fino, enquanto as pernas são excessivamente maiores, dando a impressão de ser outro corpo. “Dois corpos em um”, é o que mais ouço.
O problema ainda é muito confundido com obesidade, mas não é. No lipedema, a massa de gordura não se distribui pelo corpo como na obesidade, ficando mais concentrada nas regiões afetadas. E com isso, apenas fazer exercícios e dieta não resolve o problema e ainda gera muita frustração.
Em janeiro de 2022, o lipedema foi incluído na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID), um importante passo para combater a desinformação.
O impacto visual do lipedema traz consequências difíceis de serem enfrentadas, principalmente diante de si mesma. Esconder as pernas, não usar roupas que deixem o corpo à mostra e medo das críticas por estar fora do padrão ideal de estética são abalos psicológicos comuns.
Além disso, a doença traz sintomas desconfortáveis e dolorosos, como dores na região afetada, inchaços, presença de hematomas, cansaço e comprometimentos nas articulações.
É fundamental que as mulheres estejam atentas a essas características e sinais da doença para que, assim, busquem ajuda. O lipedema não tem cura, mas o tratamento é de fundamental importância para aliviar os sintomas e evitar que a condição atinja estágios mais graves, como o aumento de gordura corporal na região afetada. Em fases avançadas, pode causar danos ao sistema linfático e até limitação de mobilidade.
Muitas pacientes ainda se deparam com diagnósticos inconclusivos ou equivocados e, diante disso, é necessário buscar ajuda especializada em tratamento do lipedema. A doença precisa ser tratada de forma multidisciplinar. A fisioterapia desempenha um papel importante nesse tratamento, pois ajuda a reabilitar o sistema veno-linfático, redução da inflamação, e prevenção de alterações articulares por meio de terapias como drenagem linfática manual, terapia física complexa e terapia de compressão, entre outras.
Mudanças no estilo de vida, incluindo uma dieta anti-inflamatória e exercícios regulares de baixo impacto também podem ser benéficas. Endocrinologista, nutricionista, angiologista, cirurgião plástico e vascular e, em alguns casos, o psicólogo também serão essenciais na jornada da paciente com lipedema.
Quanto mais cedo começa o tratamento, maior a chance do quadro responder bem aos procedimentos e terapias prescritas, um passo crucial para resgatar a qualidade de vida que pode ser comprometida com essa condição.
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