Autor(a) Convidado(a)
É cirurgiã plástica

Lipedema: a síndrome da gordura dolorosa e seus impactos

Ainda que o lipedema tenha sido descrito pela primeira vez em 1940, ele ainda é pouco conhecido e muitas vezes confundido com obesidade, linfedema ou apenas celulite

  • Patricia Lyra É cirurgiã plástica
Publicado em 05/04/2023 às 16h50

O lipedema é uma condição médica pouco conhecida e frequentemente mal diagnosticada, que afeta principalmente as mulheres. Essa patologia foi reconhecida apenas em 2022 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com um CID, a classificação internacional de doenças.

A enfermidade se caracteriza pelo acúmulo anormal de gordura doente em regiões específicas do corpo, como pernas, braços, joelhos e coxas. Estima-se que uma em cada dez mulheres tenha a doença no mundo, segundo dados da Sociedad Española de Medicina Estética (SEME).

Ainda que o lipedema tenha sido descrito pela primeira vez em 1940, ele ainda é pouco conhecido e muitas vezes confundido com obesidade, linfedema ou apenas celulite. É uma condição crônica e progressiva, que pode ser agravada por fatores hormonais, como gravidez, menopausa, estresse e sedentarismo, e que não é resolvida com dieta ou exercícios físicos.

O diagnóstico precoce é fundamental para o tratamento adequado da doença. No entanto, a falta de informação e a confusão com outras condições podem levar à descoberta tardia do problema, além de tratamentos ineficazes. Por isso, é importante que profissionais de saúde, pacientes e a sociedade estejam mais informados sobre o lipedema e seus impactos na qualidade de vida das pessoas afetadas.

Grande parte das mulheres com lipedema, infelizmente, enfrenta estigmas e discriminação devido à aparência de suas pernas e quadris, principalmente, o que pode afetar a autoestima e desencadear sérios problemas psicológicos. Não são poucas as vezes que essas pacientes são até rotuladas de preguiçosas ou “sem força de vontade”, quando, na verdade, estão lutando contra uma doença crônica que compromete o seu bem-estar em muitos aspectos.

Celulite
Crédito: Shutterstock

Vale lembrar que a população feminina com lipedema não escolhe ter essa doença, e que ela não é causada por falta de exercício ou por desleixo com a alimentação. É uma condição médica que merece tratamento e cuidados adequados, além de respeito e compreensão, inclusive de quem não conhece e tampouco sofre com a doença.

Felizmente, há procedimentos disponíveis para controlar os sintomas do lipedema. Isso inclui atividade física, drenagem, dieta, acompanhamento com equipe multidisciplinar, bem como cirurgia de lipoaspiração, em casos mais graves.

No entanto, é fundamental que os profissionais de saúde estejam cientes do lipedema e promovam uma investigação que resulte em um diagnóstico preciso para que, assim, as mulheres afetadas recebam o cuidado adequado e vivam em paz com seus corpos. Devemos trabalhar em conjunto para garantir que elas recebam o respeito, o cuidado e a compreensão que merecem.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

A Gazeta integra o

Saiba mais
Saúde medicina

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.