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É policial rodoviário federal, pós-graduado em Direito pela Fundação Getúlio Vargas, superintendente regional da PRF/ES substituto

O maio é amarelo, mas o sinal que se acende é o vermelho por aqui

Infelizmente, as inúmeras ocorrências de acidentes graves e óbitos no trânsito no Estado, neste início do mês de maio, prenunciam um sinal vermelho

  • Helvio Souza Alves Junior É policial rodoviário federal, pós-graduado em Direito pela Fundação Getúlio Vargas, superintendente regional da PRF/ES substituto
Publicado em 10/05/2022 às 14h58
Acidente entre carro e ônibus deixou ao menos cinco mortos na BR 262, em Ibatiba
Acidente entre carro e ônibus deixou ao menos cinco mortos na BR 262, em Ibatiba. Crédito: Leitor

Este ano, depois de um período forçado de interrupção por conta da pandemia, retornamos com a Campanha do “Maio Amarelo”. O mês temático define ações que reúnem os órgão do Sistema Nacional de Trânsito (SNT) e demais atores que atuam na segurança do trânsito, com o objetivo de chamar a atenção de todos para as questões de segurança viária e redução de mortes. Infelizmente, as inúmeras ocorrências de acidentes graves e óbitos, neste início do mês de maio, prenunciam um sinal vermelho de alerta.

Como toda campanha voltada para o segmento, as ações buscam conscientizar motoristas e pedestres para uma mudança de comportamento de modo a alcançar um trânsito mais humano e menos violento. Neste ano o slogan de campanha é “juntos somos fortes”, com clara mensagem de união de todos os atores envolvidos para alcançarmos essas metas.

Depois de dois anos sem campanha, o momento é mais do que propício e oportuno para a retomada. A violência no trânsito ceifa milhares de vidas todos os anos além de deixar muitos com sequelas graves e irreversíveis. É preciso acrescentar a essa realidade os custos astronômicos gastos nos hospitais com saúde e reabilitação, dinheiro este que poderia estar sendo empregado em outras carências país afora.

As estatísticas da PRF apontam para mais de cinco mil mortos no trânsito no decorrer do ano passado somente nas rodovias federais brasileiras, e o comportamento imprudente dos motoristas é principal causa dessas ocorrências. Destacamos também que são gastos outros milhares de reais pelos órgãos públicos com ações educativas e demais operações de segurança viária de caráter preventivo. Inserções em redes sociais com informações educativas e de conscientização têm se mostrado importantes para sensibilizar a todos.

Mesmo com muitos problemas de infraestrutura nas nossas estradas e rodovias, o comportamento imprudente dos motoristas ainda prevalece como principal causa de acidentes. Não por falta das campanhas direcionadas para a segurança, mas em muito pela cultura de desatenção e desrespeito à legislação e normas de trânsito enraizada ao longo de todos esses anos. Ainda hoje continuamos negligenciando os perigos do trânsito. Muitos ainda insistem, por exemplo, em dirigir após ingerir bebida alcoólica mesmo com todas as campanhas sobre o tema.

Outro dia, parado num sinal de trânsito aqui da cidade, ao lado do meu carro, visualizei um condutor com uma garrafa de cerveja em mãos bebendo deliberadamente em “plena luz do dia”. Uma imagem que me causa frustração e indignação ao mesmo tempo, considerando os muitos anos que nos dedicamos para um trânsito mais seguro, vivenciando “na pele” a dor de muitas famílias.

O que mais precisaríamos fazer para demover os incautos desses comportamentos nocivos? É o que me pergunto todos os dias. Os jornais não cansam de noticiar tragédias envolvendo acidentes causados por motoristas sob efeito de bebida alcoólica e outras imprudências cotidianas.

As ultrapassagens indevidas e o excesso de velocidade lideram as estatísticas das causas dos acidentes rodoviários. E vale ressaltar que, felizmente, esse comportamento desastroso é da minoria dos condutores, porém, os números, como dissemos acima, são alarmantes. Somente nesse primeiro trimestre de 2022 a PRF contabilizou perto de 15 mil acidentes nas rodovias federais do país.

A Campanha do Maio Amarelo veio para “jogar luz” sobre esses e tantos outros problemas que enfrentamos diariamente no trânsito, com o objetivo final focado na redução desses números impressionantes. Precisamos fazer um pacto pela vida, um compromisso pela paz. Condutores, pedestres, ciclistas, juntos, por um trânsito mais seguro e mais humano.

É imperioso uma mudança de comportamento, por parte de todos nós. Não podemos tolerar essa realidade ou achar que é um “problema do outro”, lamentando diariamente as mortes e tragédias noticiadas. O maio é amarelo mas o sinal vermelho está aceso e os números nesses primeiros 10 dias não são nada animadores, infelizmente.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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