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É advogada e presidente da OAB de Cariacica

No dia do estudante de Direito, precisamos falar sobre advocacia 4.0

São inúmeras motivações para escolha do Curso de Direito, mas a pergunta é: a grade curricular atual é satisfatória? Prepara o estudante para o mercado de trabalho? Prepara o acadêmico para advogar? A resposta é não

  • Kelly Andrade É advogada e presidente da OAB de Cariacica
Publicado em 19/05/2022 às 18h24

Todos nós temos uma história por trás da escolha pelo curso de Direito. Alguns escolheram estudar Direito por orientação dos pais, nossos grandes "influencers", outros em busca de uma gama maior de oportunidades, dado o leque de possíveis profissões que decorrem do Direito. Temos aqueles que escolheram estudar Direito para ter mais conhecimento das leis, e os que optaram pelo curso de olho nos salários atrativos e na carreira de sucesso que ele pode oferecer.

Há ainda quem escolheu o Direito pelo ideal de ser agente transformador da sociedade, de contribuir com a promoção de justiça, da igualdade e dos direitos sociais. São inúmeras motivações para escolha do Curso de Direito, mas a pergunta é: a grade curricular atual é satisfatória? Prepara o estudante para o mercado de trabalho? Prepara o acadêmico para advogar? A resposta é não.

E explico: não basta o conhecimento jurídico para gerirmos nossas carreiras, é preciso ter conhecimento em gestão (de carreira, financeira, de recursos humanos, de marketing) e em empreendedorismo. E a grade curricular dos cursos de Direito peca nesse aspecto.

Três vezes ao ano a OAB realiza o Exame de Ordem, dos quais podem participar todos os estudantes de Direito matriculados a partir do 9º período ou 4º ano do curso e os bacharéis em Direito. E a aprovação no exame é uma grande conquista! Mas ao tornar-se advogado, vem a constatação de que, para projeção da carreira a longo prazo, precisamos ser bons administradores, e isso o curso de Direito não ensina! E nos vemos em situações difíceis, que poderiam ser evitadas, caso tivéssemos recebido essa formação acadêmica básica em gestão.

Vivemos na era digital, e os acadêmicos de Direito simplesmente não conhecem os softwares e os recursos tecnológicos existentes para auxiliá-los na execução de serviços jurídicos com mais qualidade, menos custos e em menos tempo. A faculdade responsável por sua formação não os apresenta. Dessa forma, todos os anos são lançados no mercado profissionais que já iniciam suas carreiras atrasados em relação à Advocacia 4.0, e aos métodos digitais de gestão. A advocacia e a tecnologia andam juntas, mas as faculdades as distanciam, à medida que se omitem em oferecer disciplinas essenciais para formação de gestores qualificados.

O futuro é agora, e cabe às instituições acompanhar a sociedade e as necessidades do mercado, a fim de proporcionar a qualificação necessária para que os estudantes de Direito tenham capacitação para gerirem suas carreiras de forma exitosa.

A cada solenidade de entrega de carteiras da OAB que presido, minha esperança se renova, e o coração idealista bate mais forte ao ouvir os bacharéis prestarem seu compromisso perante a OAB: “Prometo exercer a advocacia com dignidade e independência, observar a ética, os deveres e prerrogativas profissionais e defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado Democrático, os direitos humanos, a justiça social, a boa aplicação das leis, a rápida administração da justiça e o aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas.” Assim prometo.

É nesse momento mágico que o bacharel se transforma em advogado, e que a sociedade recebe mais um defensor. Que honra! Nesse mesmo momento, o estudante de Direito se declara eternamente estudante! E esse é um diferencial do curso de Direito. Nossos estudos não acabam com a graduação, apenas começam. E como é bom!

Nesse Dia do Estudante de Direito, dirijo-me respeitosamente a Vossa Excelência, acadêmico de Direito, para convidá-lo para esse mundo novo e encantador, que é a advocacia, e para isso o desafio a desenvolver algumas habilidades durante a graduação.

A carreira jurídica requer rotina de leitura diária, boa escrita, comunicação assertiva, capacidade argumentativa, inteligência emocional, capacidade de se relacionar com pessoas e lidar com conflitos e, sobretudo, rigor ético e lealdade aos princípios. Essas características podem e devem ser aprimoradas desde a graduação, ainda que não componham a grade curricular. Elas farão toda diferença em sua vida profissional ao ingressarem no mercado de trabalho. Contem com a Ordem dos Advogados do Brasil para auxiliá-los nessa caminhada!

Sinto falta dessa aproximação do estudante de Direito com a OAB, que em muito pode contribuir com o crescimento profissional, com capacitação e conhecimento dos acadêmicos, por meio de cursos, eventos e diversas atividades das comissões que constituem espaços propícios de desenvolvimento e aprimoramento profissional.

Parabenizo todos os estudantes de Direito pelo esforço e dedicação nesse processo de habilitação para o exercício das profissões relacionadas com a defesa da justiça, e nesse dia 19 de maio quero dizer-lhes que a Ordem está de portas abertas para recebê-los!

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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