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É coronel da PM da reserva. Integrante da primeira turma de mulheres da PMES

Mulheres na PM no Espírito Santo: 40 anos de desafios e conquistas

A justificativa inicial para implementação de mulheres na PMES era o aumento da população flutuante da Grande Vitória e consequentemente as ocorrências, que envolviam pessoas do sexo feminino, menores, crianças e idosos

  • Sonia Grobério É coronel da PM da reserva. Integrante da primeira turma de mulheres da PMES
Publicado em 06/05/2023 às 10h00
Sônia Grobério, a primeira mulher a se tornar coronel da Polícia Militar do ES
Sônia Grobério, a primeira mulher a se tornar coronel da Polícia Militar do ES. Crédito: PMES/Divulgação

O pioneirismo do ingresso das mulheres nas polícias no Brasil ocorreu no Estado de São Paulo, em 1955, quando foi instituído na Guarda Civil de São Paulo, o Corpo de Policiamento Especial Feminino. Posteriormente, a Guarda Civil foi extinta e as policiais foram incorporadas nas fileiras da Polícia Militar de São Paulo. Apesar deste marco histórico, somente a partir da década de 80 é que houve uma ampla abertura para incorporação de mulheres nas polícias militares em vários estados do Brasil.

Seguindo a tendência nacional, foi possível o ingresso das mulheres na Polícia Militar do Espirito Santo em 1983, quando, por meio do Decreto de 6 de maio de 1983, foi instituída a Companhia de Polícia Feminina. Foi realizado o concurso público cujo edital exigia que as candidatas deveriam ser solteiras, com idade máxima de 25 anos e no mínimo 1,58 cm de altura. Em agosto do mesmo ano teve início o primeiro Curso de Formação de Sargentos Femininos da PMES com duração de 9 meses, sendo concluído em junho de 1984 com 67 formandas.

A justificativa inicial para implementação de mulheres na PMES era o aumento da população flutuante da Grande Vitória e consequentemente as ocorrências, que envolviam pessoas do sexo feminino, menores, crianças e idosos. Após formadas, as policiais foram designadas para patrulhamentos nos módulos situados nas praças do Centro de vitória, no aeroporto e rodoviária, com foco de atuação direcionado ao público relacionado às crianças, mulheres e idosos, seguindo a previsão do emprego previsto no decreto de criação da policia feminina.

Registra-se que em agosto de 1986, formou-se a primeira turma do Curso de Formação de Soldados Femininos com 31 formandas . E em 1987, as primeiras quatro alunas oficiais femininos ingressaram no Curso de Formação de Oficiais que na época era realizado na Academia de Polícia Militar do Estado de Minas Gerais, juntamente com os alunos oficiais masculinos. O curso foi concluído em 1989 e os aspirantes retornaram para o Espírito Santo.

Em virtude da formação das quatro oficiais femininos e o êxito da atuação das mulheres policiais em outros tipos de ocorrências, envolvendo inclusive confrontos armados, bem como a realização no curso de formação das mesmas atividades do policial masculino, em 1992, foi extinta a Companhia de Polícia Militar Feminina e o Quadro de policiais femininos.

O efetivo então foi redistribuído para todas as unidades da PMES e no Corpo de Bombeiros. Dessa forma, homens e mulheres passaram a integrar os mesmos quadros da corporação e a exercerem as mesmas atividades como no policiamento ostensivo geral e especializado e atuação em diversas outras práticas operacionais como policiamento no carnaval, blitz de trânsito, entre outras.

Atualmente na PMES as mulheres representam aproximadamente 14% do efetivo total e não é previsto para o ingresso vagas específicas para o público feminino, bem como não há distinção em relação a execução de funções e atividades. Dentre essas atividades destaca-se a atuação de mulheres em comando de Batalhão exercendo o gerenciamento administrativo e operacional do policiamento dos municípios.

Destacam-se também mulheres policiais atuando como instrutoras de diversas disciplinas teóricas e práticas para os cursos de formação na Academia da PM, como piloto de helicóptero, atuando no Batalhão de Missões Especiais, no Batalhão com Cães; no Batalhão Ambiental, no Regimento de Policia Montada, dentre outras unidades e atividades.

Nesses 40 anos de história ocorreram vários destaques nos serviços realizados com extrema dedicação e cuidado pelas policiais. O ingresso da mulher na PMES significou, assim, um marco de inovação e humanização na estrutura rígida da corporação, no trato com o público interno e externo e no fazer policial.

Parabéns às mulheres policiais da PMES pelos 40 anos de desafios e conquistas!!

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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